Turquia: fecharam as urnas, contam-se os votos

por RTP
Goran Tomasevic, Reuters

As urnas já fecharam e a contagem dos votos já começou. A jornada eleitoral foi marcada por queixas sobre alegadas irregularidades. O dia está longe do fim.

A partir das 8h da manhã, mais de 56 milhões de eleitores acorreram às assembleias de voto. O presidente Recep Tayyip Erdoğan candidata-se a um segundo mandato, por mais cinco anos. Se não conseguir obter mais de 50 por cento dos votos, haverá em 8 de julho uma segundo volta entre os dois candidatos mais votados.

Erdoğan enfrenta de momento quatro outros candidatos, mas numa segunda volta todos eles deverão concentrar os seus votos no segundo mais votado. Tudo indica que esse será Muharrem İnce, o candidato apoiado pelo CHP (Partido Republicano do Povo). Segundo o diário turco de referência Hürryiet, os comícios de encerramento da campanha de Ince em três grandes cidades foram imponentes.

Quem for eleito nestas eleições terá poderes alargados, sendo eliminada  figura do primeiro-ministro e concentrados nas mãos do presidente os poderes de chefiar o Governo. Pelo menos, é essa dupla chefia, do Estado e do Governo, que passou a caber ao presidente desde o referendo convocado para o efeito por Erdoğan.

Em simultâneo, realizam-se as eleições legislativas, para preencher os 600 assentos do próximo parlamento - aumentado em 50 relativamente ao anterior.

Ao parlamento, o partido de Erdoğan (AKP, Partido da Justiça e Desenvolvimento) concorre em coligação com o partido de Devlet Bahçeli (o MHP, Partido do Movimento Nacional). Ambos propuseram a antecipação das eleições em um ano e meio e fizeram aprovar esse novo calendário em 20 de abril. Dez dias depois, no primeiro de Maio, anunciaram oficialmente a criação da "Aliança do Povo", sob a qual aogra concorrem.
Contra esta aliança, concorre uma da oposição, a "Aliança da Nação", constituída pelos partidos CHP, Partido İYİ e SP. O partido pró-curdo  HDP ficou de fora, mas espera passar a fasquia dos 10 por cento, que é o mínimo legal para ter assentos no parlamento. Se o conseguir, poderá tornar-se o fiel da balança e um factor indispensável para a aritmética de qualquer aliança parlamentar.

Entretanto, a Comissão Suprema das Eleições (YSK) anunciou, segundo o mesmo Hürryiet, que tenciona examinar as alegações de irregularidades ou insegurança eleitoral, nomeadamente as que lhe chegara da província de Şanlıurfa, no sudeste do país. As queixas provinham do principal partido da oposição, CHP, que referia casos de observadores impedidos de acompanharem a votação ou mesmo atacados, como teria sucedido em Suruç.

Há além disso, segundo o mesmo jornal, a constatação de a polícia ter detido ontem seis pessoas por alegados insultos contra Recep Tayyip Erdoğan, aquando de um dos comícios de campanha da oposição. A polícia diz que os identificou num filme da televisão CCTV e que continua a procurar outros suspeitos.
pub