Twitter bloqueia mensagem de Trump por promover a violência

por RTP
Jonathan Ernst, Reuters

Prossegue a escalada entre o presidente dos EUA e a rede social que até aqui tem servido como o seu mais potente megafone. A gota de água foi a mensagem de Trump a propósito da revolta no Minnesota, dizendo: "Onde começam os roubos, começam os tiros". Trump aludia aos tiros da polícia contra os manifestantes e a rede Twitter bloqueou a mensagem por "glorificar a violência".

Reagindo à revolta popular no Minnesota, e ao seu alastramento a diversas cidades norte-americanas, o inquilino da Casa Branca tinha começado por criticar o autarca de Minneapolis, responsabilizando-o pela violência e ameaçando enviar a Guarda Nacional para restabelecer a ordem naquele Estado.

O presidente dizia não suportar o espectáculo da violência numa "grande cidade americana, Minneapolis". E comentava: "Uma falta de liderança total. Ou o fraquíssimo autarca da esquerda radical, Jacob Frey, se decide a actuar e consegue controlar a cidade, ou vou enviar a Guarda Nacional para fazer o trabalho como dever ser ..."

Horas depois, Twitter criticou o conteúdo da nota por "glorificar a violência", deixando a crítica anexa à mensagem, mas sem a retirar do ar, por considerar de interesse público que ela fosse conhecida.

Twitter covered Trump's tweet with a disclaimer saying he violated its policies [Al Jazeera]

Mais adiante, Trump voltou ao tema, dizendo: "Estes SELVAGENS estão a desonrar a memória de George Floyd [o negro assassinado por quatro polícias] e eu não vou permitir que isso aconteça. Acabo de falar com o governador Tim Walz e disse-lhe que as Forças Armadas estão inteiramente com ele. Qualquer dificuldade e nós assumiremos o controlo, mas, onde começam os roubos, começam os tiros"

Esta segunda mensagem foi para o Twitter a gota de água que fez transbordar o copo. Marcou-a também como tendo violado a política da rede sobre a glorificação da violência e deixou-a no ar por motivos de interesse público, mas bloqueando a possibilidade de ela ser partilhada ou de receber respostas ou sinais de apoio (os famigerados "Gosto").

RT

A rede social explicou que bloqueara a possibilidade de retuitar a mensagem, de apoiá-la ou de comentá-la "com o intuito de evitar que outros sejam inspirados a cometer actos violentos".

Entretanto, Trump avançou para a promulgação do diploma que retira às redes sociais a proteção contra processos judiciais por aquilo que nelas publicam os utilizadores. O presidente do Twitter, Jack Dorsey, tinha reagido na quarta feira, afirmando que aquela rede social irá continuar a assinalar o que for informação incorrecta ou controversa.

A respeito do assassínio de George Floyd, Trump dissera que o vídeo mostrado a acção dos quatro agentes é "uma visão deveras chocante" e também que a sua Administração está muito empenhada sobre este caso. Mas recusou emitir uma opinião sobre se os quatro agentes devem ou não ser acusados.
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