Ucrânia: Alemanha, Dinamarca e Noruega vão entregar 16 obuses eslovacos em 2023

por Lusa
Reuters

A ministra da Defesa alemã, Christine Lambrecht, anunciou hoje que vão ser entregues à Ucrânia, no próximo ano, 16 obuses Zuzana fabricadas na Eslováquia.

Os sistemas de artilharia Zuzana serão fabricados na Eslováquia e financiados, em conjunto, pela Dinamarca, Noruega e pela Alemanha, disse a ministra da Defesa ao canal de televisão público ARD, depois de regressar da sua primeira viagem à Ucrânia, desde que a Rússia invadiu este país.

O obus autopropulsionado Zuzana, que possui um chassi e rodas, é a principal arma de artilharia fabricada pela indústria de defesa eslovaca e o único sistema de artilharia produzido neste país, segundo a agência de notícias alemã (DPA).

De acordo com o fabricante, este obus pode disparar todos os tipos de munições de calibre 155 milímetros da NATO.

O valor total da compra deste equipamento militar está estimado pelo Ministério da Defesa alemão em 92 milhões de euros (90 milhões de dólares), sendo que será adquirido pelos três países (Dinamarca, Noruega e Alemanha).

No sábado, Christine Lambrecht fez uma visita surpresa à Ucrânia, num momento em que Kiev exige insistentemente que Berlim entregue tanques de combate.

Lambrecht viajou para a cidade portuária de Odessa, no sul da Ucrânia, disse o Ministério da Defesa da Alemanha, em comunicado, tendo-se reunido com o seu homólogo ucraniano, Oleksiï Reznikov.

Os líderes ucranianos pedem há semanas ao governo alemão que permita a entrega de tanques modernos de combate, que possam fazer a diferença na luta contra as tropas russas.

Nenhum país da NATO forneceu até agora tanques de guerra ocidentais a Kiev, que recebe equipamentos projetados pelos soviéticos. O chanceler alemão Olaf Scholz diz que não quer agir sozinho na entrega de armamento à Ucrânia e só tomará decisões de acordo com seus aliados ocidentais.

No sábado, esta posição foi reafirmada pela ministra da Defesa durante sua visita a Odessa, segundo declarações transmitidas pelo canal público alemão ARD.

“Não haverá uma posição isolada da Alemanha”", disse a responsável do executivo alemão. “Sempre consultaremos os nossos parceiros sobre o que a Ucrânia precisa concretamente”, acrescentou.

“No entanto, pelas impressões que tive hoje, a defesa aérea e a artilharia estão atualmente em primeiro plano”, referiu Lambrecht na entrevista à ARD, sublinhando que viu “como a população é martirizada por drones”.

Em termos de equipamento militar, até agora Berlim entregou principalmente sistemas de artilharia e defesa aérea.

“Levamos muito a sério as ameaças” de Vladimir Putin de usar armas nucleares, realçou Lambrecht na ARD.

A ministra aconselhou “todos a não minimizarem" a ameaça, alertando para a necessidade de ela "não nos deixar paralisados".

Antes da ministra da Defesa, a chefe da diplomacia alemã, Annalena Baerbock, foi duas vezes a Kiev. O chanceler Scholz fez uma visita àquele país em junho, com o Presidente francês, Emmanuel Macron, e o então líder do governo italiano, Mario Draghi.

A visita de Lambrecht ocorreu um dia depois de o Presidente russo, Vladimir Putin, ter anunciado a anexação das regiões ucranianas de Donetsk, Lugansk, Zaporizhia e Kherson. Estas anexações foram condenadas por unanimidade pelos aliados da Ucrânia.

Antes de sua visita à Ucrânia, Lambrecht deslocou-se à vizinha Moldávia, onde prometeu fortalecer a cooperação para treino e equipamento de militares. O país, um dos mais pobres da Europa, sofre diretamente as consequências humanitárias e financeiras da guerra lançada por Moscovo contra a Ucrânia.
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