Ucrânia e Rússia acordam troca de prisioneiros e querem completo cessar-fogo

por RTP
Charles Platiau - Reuters

Os presidentes da Rússia e da Ucrânia acordaram esta segunda-feira trabalhar para conseguir um completo cessar-fogo no leste da Ucrânia e uma troca de prisioneiros ainda antes do final do ano.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, confirmou uma “importante troca de prisioneiros”, acordada entre ambas as partes até 31 de dezembro.

A última troca de prisioneiros entre os dois países ocorreu em setembro, envolvendo 70 detidos, naquela que foi a primeira desde o início da guerra no leste do país, em 2014.

Foi ainda acordado que os países trabalhem para a retirada das tropas de três áreas em disputa até ao final de março, concordando com o objetivo de “desarmar forças e equipamentos até ao final de março de 2020", segundo uma declaração conjunta.

O presidente russo, Vladimir Putin, e o seu homólogo da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, realizaram na segunda-feira o seu primeiro encontro bilateral em Paris, onde decorre uma cimeira sobre a guerra na Ucrânia.

A cimeira decorreu no palácio presidencial do Eliseu e reúne a Rússia, Ucrânia, Alemanha e França, seguindo-se a realização do encontro bilateral.

O foco da cimeira, que acontece pela primeira vez em três anos, é o conteúdo do acordo de Minsk - que propôs um cessar-fogo imediato, a retirada de armas pesadas, a restauração do controlo territorial na fronteira com a Rússia por parte de Kiev e maior autonomia para a zona sob controlo separatista – que, apesar de assinado em setembro de 2014, nunca chegou a entrar em vigor.
Zelensky esperava mais resultados
"Muitas questões foram levantadas e discutidas, os meus colegas disseram que este é um resultado muito bom para uma primeira reunião. Para mim, digo honestamente, é muito pouco: gostaria de resolver mais problemas", disse o presidente ucraniano em conferência de imprensa após o encontro.

O presidente russo garantiu que o seu país vai fazer tudo para acabar com o conflito.

“A Rússia vai fazer tudo o que depende de si para que este conflito termine”, disse Vladimir Putin. O conflito entre a Ucrânia e os separatistas pró-russos, iniciado em 2014 logo após a anexação da península da Crimeia pela Rússia em março, já provocou mais de 13 mil mortos.

O Quarteto da Normandia – formado em junho de 2014, com a participação de França, Alemanha, Rússia e Ucrânia – tem procurado várias soluções diplomáticas, sobretudo através de conversas telefónicas entre os líderes e, em vários momentos, acoplando a ajuda de países como a Bielorrússia, Itália e Reino Unido, mas sem grande sucesso.

Após a eleição de Zelenskiy em maio, a Ucrânia e a Rússia já trocaram prisioneiros e retiraram soldados de várias regiões de conflito num sinal de boa vontade mútua, reconhecida pelos negociadores de paz.
Acordo sobre o gás

Ainda na conferência, Zelenskiy disse que a Ucrânia e a Rússia “desbloquearam” o conflito do transporte de gás e que os dois países vão trabalhar nos detalhes de um acordo.

Vladimir Putin disse que o gás seria mais barato para a Ucrânia se os dois países trabalhassem juntos.

Moscovo e Kiev têm mantido negociações sobre um novo acordo de fornecimento e transporte de gás da Rússia para a Europa através da Ucrânia, para substituir o atual contrato que termina no final deste ano.

A Rússia mostrava intenções de prolongar o acordo por um ano, mas a Ucrânia opunha-se e defendia um contrato de 10 anos. À saída da reunião, o presidente ucraniano disse que o acordo de transporte de gás apenas por um ano não esteve em cima da mesa.

Uma nova cimeira sobre o restabelecimento da paz na Ucrânia, reunindo a Ucrânia, Rússia, Alemanha e França será realizada nos próximos quatro meses, anunciou o presidente francês, Emmanuel Macron.

"Fizemos progressos em matéria da retirada, intercâmbio de prisioneiros, cessar-fogo e evolução política e pedimos aos nossos ministros que, nos próximos quatro meses, trabalhem (...) para organizar eleições locais, com vista a uma nova cimeira nos próximos quatro meses", afirmou o Presidente francês, juntamente com os seus homólogos russo, ucraniano e alemão.

A data em concreto para a realização de eleições locais e o controlo das fronteiras na zona dominada pelos separatistas pró-russos são dois aspetos ainda por resolver.

c/Lusa
Tópicos
pub