Ucrânia. Zelensky pede ao Conselho de Segurança que investigue ataque a centro comercial

por Lusa

O Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky sugeriu hoje ao Conselho de Segurança (CS) da ONU que envie "uma comissão de inquérito" para provar que o centro comercial de Krementchuk foi destruído por mísseis russos.

Zelensky, que intervinha por videoconferência no início da reunião de emergência daquele órgão, pedida pelo seu país, conseguiu que os 15 países representados, incluindo a Rússia, observassem um minuto de silêncio por "todos os ucranianos mortos na guerra".

"Se pudessem homenagear todos os ucranianos que foram mortos nesta guerra, todos os adultos, todas as nossas crianças, dezenas de milhares de pessoas... peço-vos que as homenageiem observando um minuto de silêncio", disse Zelensky, colocando-se de pé.

Parecendo um pouco surpreendidos, os 15 membros do Conselho de Segurança imitaram-lhe o gesto, bem como todos os que se encontravam na sala, segundo as imagens transmitidas pelo canal de televisão interno da ONU.

Em representação da Rússia no início da sessão, o vice-embaixador russo, Dmitry Polyanskiy, também se levantou para respeitar o minuto de silêncio, segundo o canal de televisão da ONU.

Antes, Volodymyr Zelensky havia denunciado novamente a invasão em 24 de fevereiro pela Rússia de seu país em violação da Carta das Nações Unidas.

"A Rússia não deve ter direito a voto" em assuntos relacionados com a guerra na Ucrânia e "não tem o direito de permanecer no Conselho de Segurança", reforçou, classificando esse país de "Estado terrorista" que deve ser "punido".

No início da reunião, a subsecretária-geral da ONU para os Assuntos Políticos, Rosemary DiCarlo afirmou que "o ciclo de morte, de destruição deve acabar. Para o bem da Ucrânia, da Rússia e de todo o mundo".

Antes da sessão de emergência, solicitada por Kiev, seis países - França, Irlanda, Noruega, Reino Unido, Estados Unidos e Albânia - acompanhados pelo embaixador ucraniano na ONU haviam condenado "fortemente a intensificação dos ataques com mísseis russos no território de Ucrânia, visando áreas residenciais e infraestruturas civis, entre 25 e 27 de junho", incluindo o que visou Krementchuk.

"Exigimos a cessação imediata das hostilidades russas contra a Ucrânia, de todos os ataques a civis e infraestruturas civis, e a retirada completa e imediata das forças e equipamentos militares russos" do território internacionalmente reconhecido e das águas territoriais da Ucrânia, acrescentaram esses países ocidentais na sua declaração.

O ataque russo em Krementchuk provocou cerca de 20 mortos e dezenas de feridos e desaparecidos. A Rússia nega ter alvejado uma instalação civil, alegando ter bombardeado um depósito de armas.

O ataque coincidiu com o segundo dia da cimeira das grandes potências económicas do G7 [Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido, estando também representada a UE], nos Alpes da Baviera, no sul da Alemanha, um encontro em grande parte dominado pela guerra desencadeada pela Rússia.

O bombardeamento ao centro comercial foi classificado no mesmo dia como um "vergonhoso ato terrorista" por Volodymyr Zelensky.

A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro e essa ofensiva militar já matou mais de quatro mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.

A ofensiva militar causou a fuga de mais de oito milhões de pessoas, das quais mais de 6,6 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

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