UE com programa para desencorajar radicalização e recrutamento

por Lusa

A União Europeia defende uma abordagem alargada aos problemas de violência armada no norte de Moçambique e um dos programas já em marcha visa desencorajar a radicalização e recrutamento, disse à Lusa um porta-voz do corpo diplomático europeu.

Contactado pela Lusa, o Serviço Europeu de Ação Externa apontou que o alto representante, Josep Borrell, respondeu na semana passada ao pedido de assistência que lhe foi dirigido em setembro pelas autoridades moçambicanas, dando conta da intenção da UE de "encorajar e apoiar o desenvolvimento de uma abordagem integrada para lidar com a violência armada em Cabo Delgado".

Essa abordagem, precisou hoje o porta-voz, terá em conta os aspetos humanitário, de desenvolvimento e de segurança, a chamada "abordagem de três elos", e sempre "respeitando os padrões internacionais de direitos humanos e o Estado de Direito".

Lembrando que UE e Moçambique já abriram um diálogo político focado nessas três vertentes, que proporcionará "a oportunidade de discutir opções concretas de assistência", o mesmo porta-voz sublinhou que já está em marcha assistência humanitária e a nível de cooperação ao desenvolvimento para a região de Cabo Delgado, com programas em curso que constituem "pilares importantes da resposta da União Europeia".

"Entre as ações concretas em curso, há um programa com o objetivo de desencorajar o recrutamento e a radicalização, e que visa fomentar a coesão social", apontou, acrescentando que "o apoio da UE também inclui projetos para a juventude e sociedade civil, para o reforço de capacidades e para a criação de emprego".

A mesma fonte referiu ainda que "está também a ser preparado, com companhias de gás europeias, um projeto de educação e formação vocacional, para garantir que a população local beneficia do desenvolvimento do setor".

Em 09 de outubro, o embaixador da UE em Maputo, Antonio Sánchez-Benedito Gaspar, entregou à ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação moçambicana, Verónica Macamo, a carta de resposta do chefe da diplomacia europeia ao pedido de assistência de Moçambique, na qual Josep Borrell confirmou que o bloco europeu vai ajudar o país para fazer face à crise na região de Cabo Delgado.

Antonio Sánchez-Benedito Gaspar explicou na ocasião que a ideia é fortalecer as capacidades de resposta de Moçambique, esclarecendo, no entanto, que "não está na agenda a vinda de militares europeus ao país".

A província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, é palco há três anos de ataques armados desencadeados por forças classificadas como terroristas.

A violência provocou uma crise humanitária com mais de mil mortos e cerca de 250.000 deslocados internos.

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