UE, EUA e ONU perturbados com violência em exéquias de jornalista palestiniana

por Lusa

União Europeia, Estados Unidos e Nações Unidas manifestaram hoje perturbação com os distúrbios ocorridos durante o cortejo fúnebre da jornalista palestiniana Shireen Abu Akleh, baleada na cabeça na quarta-feira enquanto cobria uma operação militar israelita na Cisjordânia.

A UE condenou "o uso desproporcionado da força e o comportamento desrespeitoso da polícia israelita" contra os participantes nas exéquias da jornalista da estação televisiva Al-Jazira.

"A UE está horrorizada com as cenas hoje ocorridas durante o cortejo do funeral da jornalista norte-americana e palestiniana Shireen Abu Akleh", disse o Alto Representante para a Política Externa da UE, Josep Borrell, em comunicado.

O chefe da diplomacia europeia acrescentou que "permitir uma despedida pacífica e que se chore a sua morte em paz, sem assédio e humilhação, é o mínimo respeito humano".

A UE voltou também a exortar a uma investigação independente que esclareça as circunstâncias da morte da jornalista e permita levar perante a Justiça os responsáveis.

Durante as cerimónias fúnebres, um grupo de pessoas pegou na urna da jornalista em ombros e enfrentou agentes da polícia israelita, que golpearam os participantes no cortejo com cassetetes, quase fazendo cair o caixão.

O serviço de emergências palestiniano Crescente Vermelho indicou que 33 pessoas precisaram de assistência médica após a carga policial e seis delas tiveram que ser transportadas para um hospital.

A polícia israelita, por seu lado, afirmou que "desordeiros atiraram pedras e outros objetos aos agentes que, em resposta, agiram para os dispersar".

A força policial disse que seis pessoas foram detidas durante as cerimónias fúnebres de Shireen Abu Akleh, que contaram com a presença de cerca de 10.000 pessoas, segundo a imprensa israelita.

Nos Estados Unidos, a Casa Branca também se declarou "profundamente perturbada" com as imagens das exéquias da jornalista palestiniano-norte-americana, marcadas pela violência policial israelita sobre o cortejo fúnebre.

"Todos nós vimos as imagens, elas são profundamente perturbadoras. Lamentamos a intrusão no que deveria ter sido uma procissão pacífica", declarou a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki.

"Pedimos respeito para o cortejo fúnebre, para os amigos da falecida e a sua família, neste contexto sensível", prosseguiu Psaki, prestando homenagem à "jornalista notável" morta na quarta-feira durante uma operação militar israelita em Jenin, na Cisjordânia ocupada.

Ao contrário da União Europeia, a porta-voz da Presidência dos Estados Unidos escusou-se a condenar o uso de força desproporcional pela polícia israelita durante a cerimónia.

"Quando dizemos que elas (essas imagens) são perturbadoras, é evidente que não as consideramos justificadas", limitou-se a afirmar.

Questionado sobre o incidente à margem de um evento na Casa Branca, o presidente norte-americano Joe Biden salientou a necessidade de uma investigação.

"Não tenho todos os detalhes, mas sei que [o incidente] precisa ser investigado", disse Biden.

Também o secretário-geral das Nações Unidos, António Guterres, declarou ter acompanhado "com grande tristeza" o funeral de Shireen Abu Akleh e afirmou ter ficado "comovido com a manifestação de simpatia dos milhares de palestinianos enlutados nos últimos dois dias".

Guterres "ficou profundamente perturbado com os confrontos entre as forças de segurança israelitas e os palestinianos reunidos no Hospital St. Joseph, e com o comportamento de alguns polícias presentes no local", segundo um comunicado divulgado pelo seu porta-voz adjunto, Farhan Haq.

O secretário-geral "continua a exortar ao respeito pelos direitos humanos fundamentais, incluindo os direitos à liberdade de opinião e expressão e à reunião pacífica", concluiu a nota das Nações Unidas.

Tópicos
pub