Os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia, reunidos em Bruxelas, exigiram à Rússia, em comunicado, respostas imediatas sobre a utilização de um gás tóxico contra o ex-espião russo e a filha, vítimas de um ataque em solo britânico. Dizem ainda que estão totalmente "solidários" com o Reino Unido e consideram extremamente graves as afirmações do Governo britânico de que é altamente provável que a Rússia seja responsável pelo ataque. Moscovo exige que o Reino Unido prove o que diz ou então peça desculpa.
Os MNE europeus dizem que "as vidas de vários cidadãos foram ameaçadas por este ato ilegal e imprudente". Numa só voz, a União Europeia afirma que "considera extremamente sérias" as afirmações do governo do Reino Unido de que é "altamente provável que a Federação Russa seja responsável" pelo ataque.
"A União Europeia está chocada com o uso de um agente nervoso de escala militar, de um tipo desenvolvido pela Rússia, pela primeira vez em solo europeu nos últimos 70 anos", lê-se no documento divulgado. "O uso de armas químicas, por qualquer pessoa, em qualquer circunstância, é completamente inaceitável e constitui uma ameaça de segurança para todos nós. Esse uso constitui uma clara violação da Convenção de Armas Químicas, uma violação na lei internacional, e mina as regras baseadas na ordem internacional".
Os ministros europeus dos Negócios Estrangeiros acrescentam que a UE vê como positivo o compromisso do Reino Unido em trabalhar de forma próxima com a Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) na investigação do ataque.
Diz ainda o comunicado conjunto que a UE exige à Rússia uma resposta urgente "às questões levantadas pelo Reino Unido e comunidade internacional e que providencie de forma imediata, total e completa informações sobre o programa Novichok (agente nervoso) à OPAQ".
O documento termina a afirmar a total "solidariedade com o Reino Unido e apoio, inclusivé para os esforços do RU em levar os responsáveis pelo crime à justiça."
“Mostrem provas ou peçam desculpa”
No domingo, aquando da reeleição, Vladimir Putin disse que era absurdo pensar que Moscovo era responsável pelo envenenamento do antigo espião. Hoje, o presidente telefonou a Emmanuel Macron, dizendo que as alegações britânicas não estão provadas.
Esta segunda-feira, o porta-voz do Kremlin veio reiterar a posição russa.
Dmitry Peskov disse, em conferência de imprensa, que as alegações do Reino Unido eram “difíceis de explicar, infundadas e caluniosas”. A Rússia deixa assim o desafio aos britânicos de apresentar provas das acusações ou pedir desculpa, mais cedo ou mais tarde.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Boris Johnson, reiterou esta segunda-feira que a negação russa está “cada vez mais absurda”. A primeira-ministra Theresa May disse que a única conclusão que se pode tirar do processo é que a Rússia está por trás do ataque ao ex-espião russo em território britânico, com um agente nervoso.