Jean-Claude Juncker deu esta segunda-feira os parabéns a Angela Merkel pela vitória nas eleições gerais da Alemanha, que fizeram também da extrema-direita a terceira força política do país. O presidente da Comissão Europeia afirmou em simultâneo que a União precisa “mais do que nunca” de um governo germânico “forte”.
O presidente da Comissão Europeia conversou com a chanceler alemã e deu-lhe os parabéns pela “vitória histórica pela quarta vez consecutiva”. O novo governo alemão deve ser “capaz de dar forma ativamente ao futuro do nosso continente”, acrescentou Juncker, citado pela agência France Presse.
Além disso, o chefe do Executivo comunitário expressou a confiança de que as negociações para a formação de um governo de coligação “contribuirão para isso”.
Questionado sobre a ascensão da extrema-direita nas eleições alemãs, o porta-voz afirmou que “a Comissão Europeia tem fé na democracia”.
Questionar ou destruir a União?
Margaritis Schinas lembrou que Juncker se pronunciou em várias ocasiões sobre “a necessidade de evitar a autocomplacência” e “distinguir entre aqueles que questionam as nossas políticas dos que simplesmente querem destruir a União Europeia”.
Falou ainda sobre “dar respostas políticas às preocupações reais das pessoas frente ao discurso populista e explicar a Europa melhor”.
Gianni Pittella, presidente do grupo dos socialistas e democratas europeus, também se pronunciou esta segunda-feira sobre os resultados das eleições alemãs e agradeceu a Schulz pela “paixão” demonstrada durante a campanha, que “infelizmente não foi suficiente”.
Pittella disse que agora começa a “fase de renovação” no partido socialista alemão, que estará na oposição nesta legislatura, algo “em linha com o que decidimos fazer aqui no Parlamento Europeu”.
A chanceler alemã Angela Merkel alcançou, como se esperava, um quarto mandato nas eleições de domingo. Todavia, a sua União Democrata-Cristã terá de encetar agora um complexo processo negocial para formar um governo suportado por maioria parlamentar.
Dirigente da AfD recusa grupo
Esta segunda-feira, Frauke Petry, uma das líderes da Alternativa para a Alemanha, o partido da extrema-direita, anunciou que não vai fazer parte do grupo parlamentar e que será uma deputada independente.
Além disso, criticou os comentários de Alexander Gauland em que este prometeu “caçar Merkel”. Resta saber o que esta decisão significa, já que Petry foi a líder mais votada da AfD no seu círculo eleitoral.
Frauke Petry, considerada durante muito tempo como a líder de maior destaque da AfD, menos visível nos últimos meses, saiu intempestivamente de uma conferência de imprensa, depois de afirmar que assumirá o seu lugar como independente e que não fará parte do grupo parlamentar do partido.
“Acho que devemos admitir que hoje existe uma discórdia dentro do AfD. Não devemos apressar as coisas porque a sociedade está a pedir um debate aberto”, disse Frauke numa conferência de imprensa com outros líderes partidários.
"Farei tudo o que puder"
Petry disse ainda que o seu objetivo é provocar uma “guinada conservadora” no Parlamento em 2021. “Farei tudo o que puder para conseguir isso, de forma a que as ideias sensatas nas quais o AfD tem trabalhado desde 2013 se tornem uma realidade política”, acrescentou.
Sem responder a mais perguntas, Frauke Petry disse apenas que haverá mais notícias suas nas próximas semanas.
Os resultados finais dão 33 por cento dos votos à CDU da chanceler e à aliada União Social-Cristã (CSU) da Baviera, abaixo dos 41,5 por cento de há quatro anos.
O Partido Social-Democrata foi segundo, com 20,5 por cento, abaixo dos 25,7 por cento de 2013. O número um Martin Schulz deixou claro que o SPD não estará disponível para reeditar a grande coligação com Merkel.
A Alternativa Para a Alemanha (AfD) somou 12,6 por cento dos votos, seguindo-se o Partido Liberal (FDP), que regressa ao Parlamento ao fim de quatro anos, com 10,7 por cento.
O líder dos liberais, Christian Lindner, já estabeleceu uma condição para entrar no governo: a rejeição da reforma da Zona Euro idealizada pelo Presidente francês, Emmanuel Macron.
A formação Die Linke - A Esquerda - conseguiu 9,2 por cento, ligeiramente acima dos Verdes, com 8,9 por cento.
A formação de um governo não vai ser fácil, já que Angela Merkel tem agora de negociar com dois partidos de ideais opostos para poder governar.
c/ agências