Vacinas Covid-19. Presidente dos EUA defende fim dos direitos das patentes

por Alexandre Brito - RTP
Reuters

Um pequeno passo para o Presidente dos EUA mas um enorme passo para a humanidade. Joe Biden vai defender a renúncia de direitos de propriedade intelectual para as vacinas Covid-19. "Sim, vou falar sobre isso mais tarde hoje", disse o Presidente norte-americano quando questionado pelos jornalistas. A Organização Mundial da Saúde dia que este é um "momento monumental no combate contra a Covid-19".

Os EUA e outros países têm bloqueado, ao longo dos últimos tempos, uma proposta avançada pela Índia e pela África do Sul sobre a renúncia dos direitos de propriedade intelecutal das farmacêuticas de forma a que seja possível fabricar mais vacinas em mais países.

E se até agora os EUA estiveram do lado das farmacêuticas, Joe Biden está nesta altura disponível para apoiar esta medida de forma a que a produção aumente substancialmente.

O Diretor-geral das Nações Unidas, Tedros Adhanom Ghebreyesus, que tem apelado aos vários países para apoiarem esta medida, escreveu no Twitter que o caminho agora apontado por Joe Biden é um "exemplo poderoso da liderança dos EUA para enfrentar desafios de saúde globais".
As palavras do Presidente norte-americano foram logo reafirmadas pela sua principal negociadora comercial, Katherine Tai. "Esta é uma crise de saúde global e as circunstâncias extraordinárias da pandemia COVID-19 exigem medidas extraordinárias", disse em comunicado.

O grande propósito desta medida é que o processo de produção acelere nos próximos tempos e que, consequência disso mesmo, mais vacinas possam ser administradas em mais países. 

Só assim é possível atacar o mal antes que ele se tranforme. Ou seja, um dos objetivos é impedir o desenvolvimento de variantes que possam acontecer em países onde o vírus circula de forma livre.

As palavras de Joe Biden tiveram um efeito imediato nas ações dos fabricantes de vacinas, com registo de quedas no mercado regular na bolsa.

O lobby farmacêutico reagiu de imediato a este anúncio. Diz que a medida vai prejudicar a resposta das empresas à pandemia e comprometer a segurança. Fonte da indústria afirmou à Reuters que as empresas americanas vão lutar para garantir que qualquer renúncia acordada seja tão estreita e limitada quanto possível.
Pandemia da Covid-19 pode durar anos 

Em declarações ao The Guardian, o ministro francês dos Negócios Estrangeiros afirmou que a pandemia de Covid-19 vai assombrar o mundo até 2024 a não ser que o G7 aposte na produção de vacinas, em particular, ao facilitar esse processo em África.

Jean-Yves Le Drian admitiu que já está em curso um debate sobre o levantamento dos direitos da farmacêuticas em relação às patentes das vacinas, mas afirma de forma clara que a prioridade número 1 é aumentar a produção."Se continuamos neste ritmo não haverá imunidade global antes de 2024", disse o ministro francês dos Negócios Estrangeiros.

Também nesta conversa com o jornal britânico, o ministro francês dos Negócios Estrangeiros disse que já falou mais vezes com o Secretário de Estado norte-americano Antony Blinken desde que este assumiu o cargo na presidência de Biden, do que durante três anos com Mike Pompeo, que tinha a pasta no tempo de Trump.

Le Drian admite que os mais ricos precisam de fazer muito mais para apoiar as nações mais pobres e, nesse sentido, o G7 tem uma enorme responsabilidade. 

"Se continuamos neste ritmo não haverá imunidade global antes de 2024", disse. "Vamos esperar até 2024, mantendo as máscaras, os testes e os nossos medos? Penso que esta não seja uma solução para o mundo. Não haverá imunidade para a Covid-19 a não ser que seja uma imunidade global".
Tópicos
pub