O Vaticano apoia oficialmente as diligências do Governo socialista espanhol para tirar do Vale dos Caídos as ossadas do ditador. O padre curador do monumento será intimado a acatar a exumação.
Segundo o diário espanhol El Pais, o secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, enviou uma carta à vice-presidente do Governo espanhol, Carmen Calvo, prometendo-lhe que obrigará o abade do Vale dos Caídos a colaborar na exumação que até agora combateu.
O político do Vaticano promete obrigar os beneditinos, que têm a seu cargo o monumento, a obedecer ao Governo de Pedro Sánchez neste particular e afirma que "a Igreja não se opõe à exumação dos restos mortais de Franco, se a autoridade competente assim determina. À comunidade beneditina da abadia de Santa Cruz do Vale dos Caídos foi recordado e continuará a ser recordado o seu dever cívico de observar plenamente o ordenamento e de respeitar as autoridades civis".
A posição da Igreja já vinha de trás e fora comunicada a Carmen Calvo por ocasião de um encontro que teve no Vaticano em 29 de outubro. Mas a obstinação dos beneditinos tinha causada entretanto inquietude no Governo espanhol, ocasionando esta reiteração da posição do Vaticano.
Por parte da família de Franco continua a registar-se uma obstinada oposição, contando-se com um recurso da mesma para o Supremo Tribunal de Justiça.
Em alternativa, a família admite que as ossadas do ditador sejam depositadas na Catedral da Almudena, em Madrid, mas tão-pouco o Vaticano se pronunciou a favor dessa solução, deixando ao Governo a responsabilidade de lhe levantar as objecções que entenda e de, em última análise, a inviabilizar. E o Governo assim fez, invocando razões de segurança.