Venda de participação da ConocoPhillips no Greater Sunrise tem que passar por reguladores

por Lusa

A petrolífera norte-americana ConocoPhillips informou hoje que os reguladores ainda terão que aprovar o seu acordo de venda a Timor-Leste da sua participação de 30% no consórcio do Greater Sunrise, no mar de Timor.

Em comunicado, a empresa mostra satisfação pelo acordo de venda, no valor de 350 milhões de dólares, e reconhece "divergências" com o Governo sobre o modelo de exploração: Timor-Leste quer um gasoduto para o sul do país e a petrolífera queria usar um existente para Darwin.

"Estamos satisfeitos por chegar a um acordo mutuamente benéfico para o governo de Timor-Leste e a ConocoPhillips", disse Matt Fox, vice-presidente executivo de Estratégia, Exploração e Tecnologia, citado em comunicado.

"A ConocoPhillips tem uma longa história em Timor-Leste através do nosso investimento no campo de Bayu-Undan. Apesar de divergirmos com o governo no seu plano de desenvolvimento proposto para o Sunrise, reconhecemos a importância do campo para a nação de Timor-Leste, e a venda da nossa participação ao Governo dá-lhes uma posição de trabalho neste importante desenvolvimento", disse.

O comunicado - a primeira declaração oficial sobre o negócio - explica que a operação está ainda condicionada ao facto de o "Governo receber aprovação de fundos pelo Conselho de Ministros e Parlamento Nacional".

A operação, que se espera estar concretizada "no primeiro trimestre de 2019", necessita igualmente de aprovação dos reguladores e de passar pelo processo de opção de direitos de preferência de parceiros, explica a ConocoPhillips.

O consórcio do Greater Sunrise é liderado pela australiana Woodside, a operadora (com 34,5% do capital), e inclui ainda a ConocoPhillips (30%), a Shell (28,5%) e a Osaka Gas (10%).

O acordo foi fechado depois de uma última ronda de negociações que decorreu em Bali, na Indonésia, com a delegação timorense a ser liderada pelo ex-presidente Xanana Gusmão e a ConocoPhillips pelo seu máximo responsável na Austrália, Chris Wilson.

Presentes nas negociações estiveram, entre outros, Alfredo Pires, nomeado ministro do Petróleo e Recursos Minerais, mas que ainda não tomou posse, Francisco Monteiro, presidente da Timor Gap, a petrolífera timorense e o empresário James Rhee, responsável do projeto TL Cement, que apoiou o processo negocial, segundo disse uma fonte governamental timorense.

Outra fonte ligada ao processo explicou à Lusa que a compra da participação da ConocoPhillips pelo Estado timorense pode ajudar a viabilizar a opção de desenvolvimento através de um gasoduto para o sul de Timor-Leste.

Os campos de Greater Sunrise estão, praticamente na totalidade, em águas territoriais timorenses, no âmbito do novo tratado de fronteiras marítimas assinado em março com a Austrália e que está ainda para ser ratificado pelos parlamentos dos dois países.

A este valor da compra pela participação da ConocoPhillips, Timor-Leste terá que somar um valor adicional, para os custos de desenvolvimento dos campos em si. Faltaria o custo da operação para trazer o gasoduto para Timor-Leste e para o processamento em terra.

A comissão de conciliação da ONU que mediou entre Timor-Leste e a Austrália estimou que a construção de um gasoduto para Timor-Leste só teria retornos comerciais viáveis com um "subsídio direto" do Governo ou de outra fonte no valor de 5,6 mil milhões de dólares.

Os campos do Greater Sunrise contêm reservas estimadas de 5,1 triliões de pés cúbicos de gás e estão localizados no mar de Timor, a aproximadamente 150 quilómetros a sudeste de Timor-Leste e a 450 quilómetros a noroeste de Darwin, na Austrália.

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