Venezuela. Confrontos ameaçam generalizar-se

por Mário Aleixo - RTP
Na ponte Francisco Paula viveram-se momentos de tensão e violência Epa-Maurício Duenas

Todas as possibilidades têm que estar em cima da mesa para dar resposta à crise venezuelana. A ideia é de Juan Guaidó depois de um dia de confrontos localizados que ameaçam generalizar-se.

A partir da cidade de Cucutá na Colômbia o autoproclamado presidente venezuelano fez um apelo à comunidade internacional e pediu para que se mantenham “todas as opções sobre a mesa” e apelou à ajuda dos parceiros prometendo que "não vai descansar até conseguir a liberdade da Venezuela".



Neste discurso Guaidó confirmou também que vai estar presente numa reunião com Mike Pence, vice-presidente dos Estados Unidos da América.

O encontro está marcado para segunda-feira, em Bogotá, da Colômbia, e decorrerá no âmbito da reunião do grupo de Lima, constituído por 13 países latino-americanos e o Canadá, criado para responder à crise da Venezuela.

Crise que no sábado ficou marcada por vários confrontos numa resposta das forças militares da Venezuela às várias tentativas de fazer passar a ajuda humanitária estacionada na Colômbia.

Houve tiros, gás lacrimogénio e vários camiões incendiados.

No Brasil, cidade de Pacaraima, Junto à fronteira com a Venezuela, José Jacaúana, um coronel do exército brasileiro, garantiu em entrevista à TV Globo que os militares venezuelanos entraram e dispararam no território do Brasil.



O militar descrevia a atuação das forças venezuelanas, dentro do território brasileiro, num momento em que a ajuda humanitária tentava atravessar a fronteira.

O governo colombiano fala em 285 feridos junto à fronteira com a Venezuela e junto ao Brasil, na localidade venezuelana de Santa Elena, registaram-se quatro mortos e 20 feridos.

Ao longo do dia soube-se também que alguns militares venezuelanos desertaram e se juntaram à comitiva de Guaidó, depois de terem abandonado os postos na Venezuela e atravessarem a fronteira rumo à Colômbia.

Neste país, na cidade de Cucutá, o jornalista da Antena 1, Nuno Amaral, acompanhou de perto os momentos de tensão com várias tentativas de fazer passar a ajuda humanitária para território venezuelano.



Em Caracas Nicolás Maduro dizia que o país não é "mendigo de ninguém" e que quer pagar toda a ajuda que chegue da União Europeia ou do Brasil e que entre nas fronteiras de forma "legal".

Perante os seus apoiantes apoiantes Maduro condenou a pressão norte-americana e disse que toda a atuação junto à fronteira serve para defender a paz.

Barco porto-riquenho ameaçado

Um barco porto-riquenho que seguiu para a Venezuela, com ajuda humanitária, foi alvo de ameaças de fogo por parte de embarcações venezuelanas, denunciou o governador de Porto Rico, Ricardo Rosselló.

"Esta ameaça é uma grave violação contra uma missão humanitária, que integra cidadãos americanos", afirmou Rosselló em comunicado, qualificando as ameaças de "inaceitáveis e indignas".

Segundo o governante, o barco porto-riquenho recebeu instruções para abandonar temporariamente território venezuelano por razões de segurança dos tripulantes e dos jornalistas que seguem a bordo, mas o objetivo é levar ajuda humanitária aos venezuelanos.

A entrada de ajuda humanitária, especialmente os bens fornecidos pelos Estados Unidos, no território venezuelano tem sido um dos temas centrais do braço-de-ferro entre Juan Guaidó e o presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

As doações oriundas dos Estados Unidos e de outros países encontram-se armazenadas em vários Estados vizinhos da Venezuela, como a Colômbia, Brasil e na ilha de Curaçao, nas Antilhas holandesas.


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