Venezuela. Guaidó não coloca de parte intervenção militar dos EUA

por RTP
Ueslei Marcelino - Reuters

Juan Guaidó está a avaliar “todas as opções” para afastar Nicolás Maduro do poder. Em entrevista à BBC, o autoproclamado presidente interino da Venezuela não coloca de parte um pedido de ajuda aos EUA para uma intervenção militar. Declarações dias depois de uma tentativa falhada de desencadear uma rebelião militar no país.

Em entrevista à BBC, Juan Guaidó afirma que, apesar do novo fracasso da recente tentativa de destituir Maduro, a sua imagem não está enfraquecida nem se sente derrotado. Diz mesmo que o "único que realmente se machuca é Maduro”.

"Ele tem perdido todas as vezes. Está cada vez mais fraco, cada vez mais sozinho e não tem apoio internacional. Pelo contrário, nós ganhamos aceitação, apoio e opções futuras", afirmou.

Em janeiro deste ano Juan Guaidó declarou-se Presidente interino da Venezuela e, enquanto líder da Assembleia Nacional, invocou a constituição para assumir uma presidência interina. Afirmou então, e mantém até hoje, que a reeleição de Nicolás Maduro foi ilegítima.

Neste jogo de forças, Nicolás Maduro recusa ceder o poder e para isso conta, internamente, com o apoio de grande parte das forças armadas e dos líderes do exército venezuelano. Internacionalmente, tem tido o apoio da Rússia e a China.

Por seu lado, Guaidó reuniu o apoio de mais de 50 países, como os Estados Unidos da América, o Reino Unido e a maioria das nações latino-americana. Garante ainda que, ao contrário do que afirma, Maduro não tem apoio total dos militares venezuelanos.
Intervenção militar dos EUA
Para Guaidó o apoio dos EUA tem sido “decisivo”, diz neste entrevista à BBC. A “posição do Presidente Trump é muito firme, o que nós apreciamos, assim como o mundo inteiro”.

O autoproclamado presidente da Venezuela, questionado sobre uma intervenção militar dos EUA no país - algo que Trump coloca para já de parte -, diz que se Maduro "continuar a radicalizar um processo que levou o país a este desastre” todas as opções devem ser equacionadas.

"Eu, como presidente do parlamento nacional, avaliarei todas as opções, se necessário", afirmou Guaidó à BBC.
Maduro contra "qualquer conspirador"
Nicolás Maduro, na sequência dos confrontos que começaram na terça-feira passada, apelou à forças armadas que derrotassem “qualquer conspirador”. "Ninguém ouse tocar no nosso solo sagrado ou trazer a guerra à Venezuela", disse.

Segundo a CNN, Trump terá recebido garantias do Presidente russo, Vladimir Putin, de que a Rússia também não pretende envolver-se na situação venezuelana.

Já Mike Pompeo, Secretário de Estado do EUA, declarou esta semana que considera que “todos os países que interferem com o direito da população venezuelana de restaurar a própria democracia devem sair”.

Os confrontos em Caracas tiveram inicio na madrugada da passada terça-feira, tendo provocado cinco vitimas mortais, três dos quais menores, e ferido 239 pessoas, segundo informações das Nações Unidas.
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