Vídeo sugere ordem de Erdogan para agredir manifestantes em Washington

por RTP
Amerika'nın Sesi

À porta da residência do embaixador da Turquia em Washington, um grupo gritava palavras de ordem contra o Presidente Recep Tayyip Erdogan, que tinha acabado de se reunir em Washington com o Presidente Donald Trump, quando a guarda pessoal do líder turco se lançou contra os manifestantes, agredindo-os a socos e pontapés. Um vídeo surge agora revelando que a ordem para o ataque terá partido do próprio Presidente Erdogan. Entre as muitas críticas ao incidente, o senador republicano John McCain, herói de guerra e candidato à Presidência em 2008 contra Barack Obama, lembrou Erdogan que os Estados Unidos “não são um país do terceiro mundo”.

Recep Tayyip Erdogan acabava de se encontrar com o Presidente Trump para tentar serenar um momento conturbado nas relações entre os dois países, nomeadamente depois de a Administração ter decidido armar grupos curdos que estão a combater o Estado Islâmico na Síria.

Após o encontro na Casa Branca, Erdogan dirigiu-se para a embaixada turca, mas não estaria à espera dos manifestantes que protestaram contra a política que está a ser levada a cabo na Turquia.

O que se seguiu foi uma carga dos seus guarda-costas contra os manifestantes, deixando homens e mulheres por terra, algum cobertos de sangue. Foram muitos os vídeos que surgiram na Internet nas horas posteriores à investida da guarda turca contra os manifestantes, suscitando críticas dos mais variados quadrantes.

Na escaramuça, no que parece atentar contra a soberania dos Estados Unidos, vê-se o envolvimento de membros armados do corpo de guarda-costas turco no ataque, com agentes da polícia americana incapazes de parar a violência.

O senador John McCain, herói de guerra e candidato à Presidência em 2008 contra Barack Obama, lembrou Erdogan que os Estados Unidos “não são um país do terceiro mundo”.



McCain defendeu que os agressores deveriam ter sido identificados e detidos.

O elemento novo na controvérsia é um vídeo partilhado esta quinta-feira em que se percebe que terá sido o próprio Presidente Erdogan, dentro do carro oficial à entrada da embaixada turca, que dá a ordem para o ataque aos seus seguranças.



As instruções do Presidente turco são passadas primeiro a um dos membros da segurança, que a passa depois a um segundo elemento, desencadeando a investida de parte do corpo de segurança.

Após a investida da segurança do Presidente turco, Erdogan sai da sua viatura rodeado de guarda-costas, fica uns momentos a observar a cena e só depois entra na embaixada. Na altura apontava-se para um dezena de pessoas feridas no ataque, uma das quais em estado grave.
Aliviar a tensão

Após ser recebido no início da semana por Donald Trump na Casa Branca, Recep Tayyip Erdogan mostrou-se otimista quanto ao futuro das relações entre Ancara e Washington. Os dois líderes prometeram trabalhar juntos no combate ao terrorismo, tendo Erdogan traçado uma linha vermelha: as milícias curdas do YPG não são aceitáveis.

Donald Trump acabaria por evitar declarações oficiais em relação tanto no que respeita ao YPG como Fethullah Gulen, o clérigo exilados nos Estados Unidos que Erdogan responsabiliza pela tentativa de golpe na Turquia no ano passado.

Os dois países assumem estar unidos no combate ao Estado Islâmico, mas a Turquia não esconde o descontentamento face ao apoio de Trump às milícias curdas do YPG, envolvidas no terreno contra os islamitas radicais.
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