VIH a aumentar entre europeus com mais de 50 anos

por RTP
Em 2015, um total de 17,3 por cento de pessoas foram diagnosticadas com VIH na Europa Raheb Homavandi - Reuters

Portugal está entre os países europeus com maior número de pessoas acima dos 50 anos de idade com VIH, segundo um estudo publicado na revista Lancet. É defendida a necessidade de divulgar informação através de programas que promovam a saúde sexual.

O estudo, realizado por Lara Tavoschi, do European Center for Disease Prevention and Control (ECDC), revela que um em cada seis casos de VIH (Vírus da Imunodeficiência Humana) na Europa é diagnosticado a alguém com mais de 50 anos.
Em 2015, um total de 17,3 por cento de pessoas foram diagnosticadas com VIH na Europa.


No que diz respeito a pessoas com mais de 50 anos, entre 2006 e 2015, o número de novos casos de VIH aumentou para 2,1 por cento e a realização de diagnósticos diminuiu em 11 países, com o número de diagnósticos a reduzir-se em 50 por cento na Estónia e em Portugal.

Esta situação não se verifica em países como a Alemanha, Irlanda e Bélgica, em que os diagnósticos do VIH aumentaram entre pessoas com mais de 50 anos.

No Reino Unido e Noruega, os novos casos de VIH diminuíram na população mais nova, mas cresceram nas pessoas com mais de 50 anos, resultando numa subida de 3,6 por cento em novos casos de VIH por ano nestes países.

Segundo o estudo do ECDC, 153.407 pessoas foram diagnosticadas com VIH em 50 dos 53 países incluídos na região europeia da Organização Mundial de Saúde – não há dados de três países, nomeadamente a Bósnia e Herzegovina, Turquemenistão e Uzbequistão.
Falta de programas de saúde sexual
“Ser VIH positivo e não saber pode colocar outras pessoas a contrair a doença a terceiros por falta de conhecimento”, afirmou Tavoshi à CNN.

Especialistas da área acreditam que a criação de programas de saúde sexual vai permitir a maior sensibilização de todas as faixas etárias. “Precisamos de aumentar as campanhas de consciencialização entre os mais velhos”, referiu o mesmo responsável.O estudo indica que os mais velhos estão mais expostos a casos de VIH avançado e que é contraído, principalmente, em relações heterossexuais.


Os dados do estudo do ECDC revelam que a doença persiste e há necessidade de efetuar mais diagnósticos.

Tavoshi explicou que estudos anteriores indicaram um estigma referente às pessoas mais velhas terem relações sexuais, esclarecendo que a “suposição da não existência de relações sexuais nesta faixa etária não corresponde à realidade”.

Deste modo, há necessidade de os médicos fornecerem cuidados de saúde referentes a questões de cariz sexual aos seus pacientes mais velhos, de maneira a estarem mais informados sobre as doenças sexualmente transmissíveis.

A presidente da Sociedade Internacional de AIDS (Acquired Immune Deficiency Syndrome), Linda-Gail Bekker, referiu à CNN que “este estudo é um lembrete de que não podemos ser passivos no que respeita ao VIH. As pessoas de todas as idades precisam de se lembrar que a epidemia do VIH não acabou e é uma transmissão viral que é uma realidade iminente em várias partes do mundo”.
Propagação do VIH
O estudo estima que mais de 36 milhões de pessoas vivem com VIH.

Em 2015, 2,5 em 100 mil pessoas com mais de 50 anos foram diagnosticadas com VIH em 31 países. Abaixo dessa idade, foram diagnosticadas 10,4, totalizando quatro vezes mais doentes nesta faixa etária.

Tendo em conta indivíduos de todas as idades, 47 por cento das pessoas que o estudo analisou foram diagnosticadas num estado muito avançado da doença. Quando divididas por idade, 63 por cento das pessoas com mais de 50 anos foram numa fase mais tardia ao médico, comparando com os 43 por cento com menos de 50 anos.

Estes valores mostram que a epidemia está a evoluir e exige novas estratégias. A vigilância, por exemplo, ajuda a manter um foco sobre quais os recursos e esforços que precisam de ser feitos. Tavoshi explicou que, “se neste momento o foco está nos mais jovens, não podem ser esquecidas outras populações mais críticas”.

A percentagem de diagnósticos em pessoas com mais de 50 anos aumentou em 16 países da Europa, tais como Grã-Bretanha, Bélgica, Alemanha e Irlanda. Já a percentagem de pessoas que contraíram VIH com mais de 50 anos foram mais altas na Estónia, Letónia, Malta e Portugal.
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