Violência policial nos EUA. Família de uma vítima vai receber 20 milhões de dólares

por RTP
Polícia avança contra manifestantes durante protestos contra a violência policial em Portland, nos EUA Carlos Barria - Reuters

O município de Prince George, no Estado norte-americano de Maryland, chegou a um acordo de 20 milhões de dólares que serão pagos à família de William Green, o homem negro que foi morto a tiro por um agente policial em janeiro enquanto estava algemado dentro do veículo da polícia. Esta é uma das maiores indemnizações por violência policial na história dos EUA.

Não há um preço adequado para compensar uma perda como esta, mas acreditamos que as ações cometidas naquela noite contra o Sr. Green e, em última instância, contra a sua família, justificam este acordo”, disse a presidente do município de Prince George, Angela D. Alsobrooks.

Alsobrooks sublinha que a polícia “recebe por parte da comunidade uma responsabilidade incrível e extremamente difícil de proteger a vida. E quando essa confiança é desrespeitada, é necessário agir com rapidez e decisão”.

William H. Green, de 43 anos, morreu a 27 de janeiro após ter sido alvejado várias vezes pelo polícia Michael Owen Jr., um veterano com dez anos de serviço no Departamento de Polícia daquele município. Green estava desarmado, algemado dentro da viatura policial, depois de ter sido detido por suspeitas de alcoolização e consumo de drogas.

O polícia aguardava a chegada de outro agente para a avaliação de Green, quando começou a disparar. As autoridades afirmam que o agente Owen, também negro, deu sete tiros dentro da sua viatura, seis dos quais atingiram Green e foram a causa da sua morte.

Um relatório inicial da polícia sugeria que o tiroteio tinha derivado de um confronto entre os dois homens. No entanto, após uma avaliação do incidente, a investigação concluiu que não havia “nenhuma explicação plausível para justificar como o Sr. Green poderia ter tentado controlar a arma” do agente.

Michael Owen foi acusado de homicídio em segundo grau, sendo, assim, o primeiro agente policial naquele município a enfrentar esta acusação em serviço. “Acreditamos que, quando somos culpados, assumimos a responsabilidade”, disse a presidente do município de Prince George. “E, neste caso, estamos a aceitar a responsabilidade”, acrescentou Alsobrooks.

William H. Murphy Jr., um dos advogados da família da vítima, considera que o acordo reflete “a natureza hedionda, brutal, sem sentido do que aconteceu com o Sr. Green”. Citado pelo New York Times, o advogado admite que embora a quantia do acordo possa ser questionada, provavelmente custará menos ao município do que ir a julgamento, ao mesmo tempo que liberta a família de anos de espera por uma decisão.

Malcolm P. Ruff, outro advogado da família, afirma que o acordo deve ser interpretado como uma mensagem de que "a violência policial ilegal contra homens negros desarmados não deve ocorrer sem uma pena severa e as nossas comunidades não vão tolerar mais isso".

Por sua vez, Tom Mooney, advogado do agente implicado, disse em comunicado que Owen foi acusado de forma “irrefletida”, com base em “factos não comprovados ou desconsiderados e suposições precipitadamente erradas”.

O acordo de 20 milhões de dólares não é exemplo único num caso que envolve má conduta policial. No ano passado, por exemplo, a cidade de Minneapolis ofereceu a mesma quantia à família de uma mulher australiana desarmada que foi morta pela polícia depois de ligar para o 112 para denunciar o que ela acreditava serem sons de uma mulher a ser agredida. No entanto, o acordo com a família de Green é o maior da história do Estado de Maryland e o terceiro maior do país, de acordo com Murphy, Falcon & Murphy, o escritório de advocacia que representa a família Green.
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