Washington oferece apoio à família da jornalista palestiniana assassinada

por Lusa
Atef Safadi - EPA

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, prestou "profundas condolências" à família de Shireen Abu Akleh, jornalista palestiniana assassinada na Cisjordânia, informou hoje um funcionário do Departamento de Estado.

Num telefonema no sábado, enquanto voava para Berlim, na Alemanha, Blinken, que já se tinha manifestado "profundamente perturbado" com o comportamento de "alguns polícias israelitas" no funeral da jornalista, falou com a família de Shireen Abu Akleh, à qual expressou suas "profundas condolências".

De acordo com um funcionário do Departamento de Estado, citado pela agência noticiosa AFP, Antony Blinken expressou o apoio de diplomatas norte-americanos em Jerusalém à família da jornalista, que também possuía cidadania norte-americana.

A mesma fonte, que pediu o anonimato, apontou que o chefe da diplomacia americana falou do trabalho jornalístico de Shireen Abu Akleh e da "importância de uma imprensa livre e independente".

Na quarta-feira, a jornalista da Al Jazeera, canal de televisão pan-árabe do Qatar, foi morta com um tiro na cabeça enquanto cobria o conflito entre forças israelitas e palestinianas no campo de refugiados de Jenin, no norte da Cisjordânia, território palestiniano ocupado por Israel desde 1967.

A repórter da Al Jazeera estava vestida com um colete e um capacete que a identificavam como jornalista.

Na sexta-feira, foi relatada uma cena de violência junto do hospital St. Joseph, quando o corpo da jornalista estava a ser retirado em caixão, levando a polícia israelita a dispersar a multidão.

Imagens transmitidas pela TV Palestina mostraram o caixão da repórter da Al Jazeera a ser empurrado, enquanto a polícia dispersava a multidão que tinha bandeiras da Palestina, protestando contra a ação das forças militares israelitas.

Horas antes desta manifestação de protesto de palestinianos em Jerusalém, o exército israelita anunciou que não é possível, para já, determinar a origem do tiro que matou a jornalista, segundo as conclusões de um inquérito preliminar ao caso.

"A conclusão do relatório preliminar é que não é possível determinar a origem do tiro que atingiu e matou a repórter", disse o exército, em comunicado, admitindo que o disparo pode ter partido de forças palestinianas ou israelitas.

No sábado, quer os Estados Unidos, quer a ONU mostraram-se "profundamente perturbados" com a situação que ocorreu junto ao hospital de Jerusalém.

"Ficámos profundamente perturbados ao ver as imagens da interferência da polícia israelita no cortejo fúnebre" da jornalista, disse o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, citado em comunicado.

Por seu lado, o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu "respeito pelos direitos humanos fundamentais, incluindo as liberdades de opinião e expressão, e de reunião pacífica".

"O secretário-geral [da ONU) ficou emocionado com a manifestação de simpatia de milhares de pessoas palestinianas nos últimos dois dias, um testemunho do trabalho e da vida" desta jornalista de dupla nacionalidade palestiniana e norte-americana, disse o porta-voz Farhan Haq.

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