Zimbabué. Partido do poder alcança maioria absoluta no Parlamento

por Andreia Martins - RTP
Siphiwe Sibeko - Reuters

A ZANU-PF alcançou a maioria absoluta nas eleições gerais no Zimbabué, as primeiras após a demissão de Robert Mugabe, no ano passado. Os resultados oficiais anunciados esta quarta-feira dizem apenas respeito à distribuição de lugares na Assembleia Nacional, mas ainda não são claros sobre quem será o próximo Presidente do país.

Segundo a Comissão Eleitoral do Zimbabué, a ZANU-PF (União Nacional Africana do Zimbabué-Frente Patriótica) alcançou a maioria absoluta no Parlamento, com 110 lugares. O partido de oposição MDC (Movimento para a Mudança Democrática) conseguiu apenas 41 lugares na Assembleia. 

Há ainda 59 lugares que continuam por distribuir pelos partidos, mas a ZANU-PF, partido no poder desde 1980, já conseguiu assegurar a maioria absoluta, independentemente da cor política dos deputados que ainda faltam anunciar. O Parlamento do Zimbabué conta com um total de 210 deputados.  

A eleição realizada na segunda-feira foi a primeira sem a influência direta de Robert Mugabe ao fim de várias décadas. O antigo líder, com 94 anos, foi Chefe de Estado entre 1987 e 2017, tendo ocupado também o cargo de primeiro-ministro da antiga Rodésia durante sete anos.  

No total, Mugabe liderou o país africano por 37 anos desde a independência, em 1980. Em novembro do ano passado, foi obrigado a demitir-se na sequência de um golpe de Estado liderado pelo Exército e pelo antigo aliado, Emmerson Mnangagwa.  

Os primeiros resultados oficiais, conhecidos ao início da manhã de quarta-feira, dão conta da distribuição de lugares no Parlamento de Harare, mas ainda não esclarecem quem vai ser o próximo Presidente. Perante esta delonga, e mesmo sem conhecer os resultados, a oposição denunciava ontem “fraude eleitoral” neste escrutínio.

Na terça-feira, os dois principais candidatos reclamavam vitória nas eleições gerais, ainda antes do balanço da Comissão Eleitoral do Zimbabué.  

Um responsável do MDC, Tendai Biti, dizia que os resultados mostram que o partido “ganhou as eleições e que o próximo presidente do Zimbabué é Nelson Chamisa”.  

Também o Presidente interino, Emmerson Mnangagwa, candidato e líder da ZANU-PF, disse estar confiante na vitória. "A informação obtida pelos meus representantes no campo é extremamente positiva", sublinhou.  

A Comissão Eleitoral já veio esclarecer que não houve fraude num ato eleitoral que contou com cerca de 75 por cento de taxa de participação. Pela primeira vez desde 2002, o escrutínio contou com a presença de observadores internacionais da União Europeia e Estados Unidos.  

Se nenhum dos candidatos conseguir mais de 50 por cento dos votos, haverá uma segunda volta a 8 de setembro.  
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