Quando juntamos o arranque e o final da Web Summit, que terminou esta quinta-feira, em Lisboa, percebemos o risco e as oportunidades que temos pela frente. A questão é global, o problema não é de fácil resolução, e a verdade é que nós, humanos, somos estúpidos e estamos a rebentar com a casa onde vivemos. Al Gore alertou para isso. Stephen Hawking avisou que os computadores, a determinado momento na história, vão ter noção disso. E depois logo decidem se merecemos viver no planeta Terra.
Já aqui tinha escrito sobre a intervenção de Stephen Hawking na Web Summit. Nas próximas duas décadas os computadores vão emular a nossa inteligência e a partir desse momento vão começar a avaliar a nossa forma de viver. E se forem mais inteligentes do que nós - e serão - vão rapidamente perceber que estamos a destruir, aos poucos, o nosso mundo. E então talvez nessa altura iremos recordar as palavras de Al Gore no último dia da Web Summit.
E o que disse ele? Lançou três perguntas relacionadas com o clima.
Primeiro, temos que mudar? Já deve estar a responder. Sim, temos que mudar. O caminho atual é catastrófico. A forma como vivemos e estamos a poluir a Terra é um bilhete para o fim. Parece óbvio, mas como sabemos nem todos pensam assim.
Segundo, podemos mudar? A resposta aqui também é rápida. Sim, podemos. A tecnologia que temos hoje ao nosso alcance permite inverter o caminho negativo das alterações climáticas. Al Gore disse mesmo que este pode ser um momento histórico, se assim quisermos. Podemos estar no início de uma revolução ambiental, da dimensão da revolução industrial, mas com a velocidade da revolução tecnológica. E isso é extraordinário.
Ou seja, sabemos como podemos dar a volta às alterações climáticas.
A terceira e última pergunta é a mais difícil.
Vamos mudar? Não sabemos. A política o lóbi económico - veja-se o que Donald Trump tem feito - continuam a ser uma enorme barreira no sentido da mudança.
Sobre esta terceira questão, Al Gore não tem uma resposta clara, mas traçou um caminho. O caminho do voto. Somos nós, quando escolhemos quem nos representa, que devemos ter de forma bem consciente o que pensam e o que querem fazer sobre este problema global das alterações climáticas.
Em particular as gerações mais novas. Não deixem que nós, os mais velhos, rebentem com a vossa casa. Não sejam tão estúpidos como nós temos sido.
Porque se o permitirem, no final, o que pode acontecer é que os computadores vão ter noção da nossa estupidez e vão achar que não merecemos este fabuloso planeta Terra. E se não resolvemos nós este problema, vão eles tratar de nós.