Não me apetece escrever

Hoje, não me apetece.
Esta semana não me apetece escrever.
Parem o Mundo que eu quero descer.
Por Tutatis, o céu vai cair-nos em cima da cabeça.

Afinal, que vou escrever?

*Que não há sanções a Portugal e Espanha. Dizem que foram canceladas. O défice derrapou. As notícias, a preocupação, o “ai Jesus” inundou os jornais, mas a Comissão não sancionou.

*Que não há Governo em Espanha? Dizem que o Rei está mais sério e mais preocupado do que nunca. Os protagonistas políticos parecem crianças num jogo do empurra. Filipe VI corre o risco de ouvir Rajoy recusar, de novo, submeter-se a uma votação. Qual o custo desta “brincadeira”?

* Que não há segurança? Que o sistema de segurança falhou em Nice. Não havia polícia nas ruas, um dispositivo adequado para aquela noite de festa nacional em que morreram 84 pessoas. Que as autoridades falharam na Normandia. O padre Jacques Hamel foi degolado, de joelhos perante o altar, por um homem com pulseira eletrónica, detido na Turquia, há uns meses, quando tentava chegar à Síria.

* Que vivemos em estado de alerta? “O Mundo está em guerra”, diz o Papa Francisco. Que levante o dedo aquele que não desconfia do “vizinho do lado”, do homem que lê o jornal com ar suspeito no aeroporto, que nunca questionou se pode ser o próximo a estar no local errado, à hora errada.

* Que o mundo ensandeceu? Um homem que trabalhou numa clínica para deficientes no Japão, e defendia a eutanásia, decidiu esfaquear mais de duas dezenas enquanto dormiam. Na Alemanha: um rapaz, vítima de Bullying na escola, decidiu convocar jovens para o McDonald´s, em Munique, e vingar-se a tiro. Outro esfaqueou quatro pessoas numa estação de comboios no sul da capital da Baviera. Pouco depois, outro fez-se explodir, enquanto outro, no estado ao lado, perto de Estugarda, esfaqueava uma mulher até à morte, colega na cozinha do restaurante onde ambos trabalhavam.

Hoje, não me apetece escrever.

Valha-nos a Comissão.

Quanto ao resto, é para esquecer.

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