A credibilidade e as eleições em França

A justiça entrou na campanha e a palavra dada por François Fillon, afinal, não vai ser honrada.

O candidato da direita quer continuar na corrida, mesmo depois de ser acusado de favorecimento com dinheiros públicos e com a base de apoio completamente esfrangalhada. Quem vai ganhar com este passo no escuro que complica ainda mais um cenário onde a extrema-direita aparece com reais possibilidade de ganhar? 


Emmanuel Macron apresenta, finalmente, o programa aos franceses, tentando cativar um alargado eleitorado ao centro, mantendo o apoio da esquerda, também dividida. Marine Le Pen continua a capitalizar votos e as sondagens são um gigantesco grito de alerta para o que pode acontecer nesta eleições, em França e por consequência nesta dividida e surda Europa. Percebe-se isso no debate à volta da estratégia da Comissão Europeia, que ontem azedou seriamente no Parlamento Europeu. 

Falta uma linha de rumo coerente que devolva aos europeus um espirito construtivo, apresentando a união como um passo positivo, para além de um diretório de obrigações e condicionalismos à nossa vida. Isso ficou claro na leitura de muitos eurodeputados e na resposta de Juncker, que espelhou bem o desatino em que segue este pensamento europeu.

Ignorar o que está a levar o eleitorado a votar em justiceiros, com uma leitura muito restritiva do que é a liberdade e a democracia, amplifica o discurso destes populismos que podem destruir a atual arquitetura da Europa até ao final deste ano. 

Parece que não se perceber o Brexit, as deriva na Hungria e na Polónia, o que está a acontecer na Alemanha e a velha França, que se vai radicalizando num discurso perigoso, em muito ajudado por Fillon e mais uns quantos protagonistas da luta por pequenos egos, que poderá desaguar num gigantesco ponto de interrogação. Será mesmo este o ultimo ano da União?

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