A culpa é da educação e da cultura

O Conselho de Ensino Superior da Turquia proibiu todos os universitários de se deslocarem ao estrangeiro e exige que todos os estudantes que se encontram atualmente fora do país regressem à Turquia o mais rapidamente possível. É mais um sinal do que vai acontecer nesta loucura onde Erdogan vai agora controlar tudo, até o pensamento, essa coisa que leva as pessoas a duvidar, a questionar, a apontar outras soluções. Numa democracia turca isso é coisa para não ser nada saudável e até já dá cadeia para os professores e educadores que ousaram abrir os horizontes para além do que vê o poder de Ancara.

O que se passou na alegada tentativa de golpe ainda me deixa muitas dúvidas, mas percebemos como foi imediatamente aproveitado para um silenciamento de opinião como não tínhamos memória, num Estado que até quer estar dentro da União Europeia.

Vamos percebendo a fragilidade de posições da Europa, até dos EUA, perante a limpeza que o poder absoluto vai fazendo, em nome da democracia e até com apoio popular na rua.

O que estava a falhar era mesmo a educação. Erdogan precisa apenas de professores que ensinem o que se deve aprender, para nada questionar e seguir de forma acéfala os líderes providenciais, enviados pelo Deus certo, com a missão de voltar a colocar aquelas terras no centro de um grande foco de poder. Temos demasiados sinais de que isto vai correr mal, mas nada se faz, nem nada parece podermos fazer para travar aquele poder que se afirma democrático e de direito.

Como tem defendido António Guterres numa arejada candidatura a secretário-geral da ONU, precisamos de lideranças melhores, com voz e com uma verdadeira capacidade de intervir, antes de cada pequeno incidente se transformar numa grande tragédia.

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