A força das palavras

Esta semana voltámos a ter notícia de um crime, que levou a uma perseguição da polícia e acabou com um disparo que atingiu um dos assaltantes.

O impacto social destas notícias é sempre muito grande e a forma como as damos e as palavras que escolhemos no relato do que aconteceu fazem toda a diferença na perceção pública do que verdadeiramente aconteceu.

Claro que é mais apelativo escrever em letras gordas “Polícia baleia jovem”, ignorando que o polícia fazia o seu trabalho, tentando capturar um assaltante, que abalroou um carro da polícia numa perigosa fuga.

Quem vir apenas o título pode pensar que foi o bandido do polícia que disparou, sem razão, sobre um indefeso jovem, sendo a realidade completamente diferente.

O passado recente mostra como um bom advogado aproveita todas as palavras e a perceção de um caso para conseguir nos tribunais decisões que nos deixam perplexos. Já tivemos vários polícias condenados por terem disparado em situações de risco.

A escolha das palavras pelos jornalistas que têm um compromisso com a verdade e o rigor deve aqui ainda ser mais criteriosa, não deixando que a justiça popular trate sempre o polícia como bandido e o assaltante como a vítima, quando a realidade é bem diferente.

Vender mais uns jornais com um título pouco rigoroso pode significar mais um abalo na confiança dos que zelam todos os dias pela nossa segurança, a quem confiamos a nossa paz e a calma de estarmos tranquilos na rua ou em casa.

Cada coisa no seu lugar. Polícia é polícia, assaltante é por princípio alguém que cometeu um crime e deve ser travado, para não ser um de nós a próxima vítima.

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