Olhamos agora para o Curdistão, como terra longínqua, sem querer perceber quem lá vive, pelo que passaram e a importância que tiveram na guerra ao estado islâmico.
Eles votaram agora claramente pela independência, mas ninguém aceita esta decisão.
Foram eles massacrados por Saddam, o ditador do Iraque, e protegidos com uma zona de exclusão aérea que lhes deu total autonomia. Tinham e têm moeda própria, escolhem os seus governantes e participam à distância na gestão do Iraque, com poucas descidas à capital, Bagdad.
Os americanos treinaram o seu mítico exército, que foi discretamente armado por inúmeros países na guerra ao ISIS. Mas há Kirkuk e Mossul agora na equação, para alem das terras curdas ocupadas pela Turquia, Irão e Síria.
A autonomia, até a independência pareciam pacíficas sem os campos de petróleo de Kirkuk e sem a destruída Mossul, mas agora tudo mudou. Bagdad não aceita perder aquelas cidades.
A Turquia aproveita e endurece o discurso, com claro reforço militar, numa ancestral guerra contra os curdos. O Governo Turco acena com as alegadas ações terroristas dos curdos na Turquia e pede ao mundo que não se envolva nesta questão. Ficamos longe destes curdos, de novo, deixando a sua sorte nas mãos de um complicadíssimo xadrez político que se joga naquela região, já com varias guerras e demasiadas interrogações.
A América de Trump não parece muito interessada em cumprir a promessa de ajudar a criar ali um Estado, corrigindo uma triste divisão de terras traçada depois da Primeira Grande Guerra.
Estamos demasiado ocupados para tentar perceber o problema, que bem poderá terminar numa nova guerra e em mais um massacre dos até aqui "nossos amigos" curdos na guerra global ao terrorismo e ao estado islâmico.
Que curta memória tem esta comunidade internacional...