Estarão obrigados a ganhar?

De olhos no Rio, os portugueses procuram medalhas, medalhas em qualquer modalidade. Queremos heróis de ocasião, que depois iremos esquecer na voragem de uma monocultura desportiva na imprensa, rádio e nas televisões, que ignoram olimpicamente todas as modalidades, menos uma, é claro.

Nem sabemos bem o nome daqueles a quem exigimos medalhas, nem as condições em que treinam, nem nos damos ao trabalho de comparar a cama onde prepararam os jogos com o berço dourado onde os que sobem ao olimpo viveram uma vida voltada para o desporto, com condições, apoios e uma estratégia global de cada país e de cada modalidade.

Acho que temos que começar por voltar a dar destaque a todas as modalidades na informação, acarinhando os meninos que serão depois certamente campeões, com mais desporto escolar, com verdadeiros incentivos à prática desportiva e com uma imprescindível estratégia do país para se conseguir ainda mais.

Mas se estivermos atentos, lá percebemos que é notável o que este grupo de sonhadores está a fazer no Rio de Janeiro, com a camisola de Portugal. Estão efetivamente entre os melhores do mundo, mas faltam as medalhas… é verdade.

Nada se consegue sem trabalho, muito trabalho e isso estes atletas têm feito. Falta a nossa parte para que eles consigam ganhar. Falta dar um colorido plural à informação desportiva, de forma corajosa. Ficamos todos a ganhar, certamente até medalhas. Falta apostar seriamente nas escolas, nos pequenos clubes, para que eles tenham o que é preciso para se ser feliz e realizado no desporto. Falta o Ministério da Educação assumir o projeto olímpico como um desígnio que ajudará a melhorar a saúde de tantas crianças que irão descobrir tantas coisas nesse fascinante mundo.

Aprenderão a superar-se, a trabalhar em equipa, a partilhar alegrias, sonhos e a secar as lágrimas. Nesta, como em tantas coisas que vão mal, sabemos o que é preciso mudar, mas é preciso decidir e seguir um novo caminho… isso até merecia uma medalha.

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