Já são mais de 100 mil hectares

Volto ao tema das florestas e a esta tragédia dos fogos de verão. Agora foi Mação, um concelho que até era considerado modelo na prevenção de incêndios e que realizou um trabalho muito importante com as populações das aldeias, distribuindo material de combate a incêndios e desenvolvendo inúmeros programas de alerta e de arborização responsável. De pouco valeu.

O fogo chegou, já com dimensões que não permitem um combate eficaz e Mação volta a ter mais negro que verde. Porque ardeu também assim esta floresta? O que falhou na recuperação daquelas montanhas depois dos fogos de 2003?

Mais que a espuma dos dias e as perguntas sobre os meios de combate a uma gigantesca frente de fogo, que nunca serão suficientes, importa aprender com o que se fez mal, ou com o que nunca se fez, numa zona que julgávamos ser modelo.

O país tem que lançar um grande plano de reconversão destas florestas, de forma corajosa, afastando a pressão dos interesses do eucalipto que continuam a publicar páginas de propaganda nos jornais a pedir ainda mais e mais, do mesmo, que já se revelou trágico.

O plano piloto de Pedrógão, tem que ser mais que isso e estender-se a todas estas zonas destruídas. Esta é a oportunidade de se fazer efetivamente bem, de se mudar o paradigma da floresta, de se envolverem as populações criando também novos produtores florestais.

Podemos continuar a discutir o Siresp, o combate, os aviões, mas se não mudarmos a prevenção será sempre assim, sem nenhuma consequência para além do aumento anual dos meios para responder a uma catástrofe que insistimos em não querer evitar. Este é um ano de eleições e cabe também a cada um de nos exigir aos autarcas uma postura forte e decisiva para se travar esta calamidade.

No novo quadro legal nesta reforma da floresta, eles ganham novos poderes e serão uma das garantias de que não se voltam a cometer os mesmos erros. O que se fez de errado e o que não se fez na floresta, vai continuar a ter efeitos nos próximos anos. Se não mudarmos agora, continuaremos a pagar a fatura, em árvores, casas e nas pessoas que o fogo ainda poderá levar.

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