Milagre no Tejo?

Tem chovido, é verdade, mas a ligeira subida das águas do Tejo não explica o súbito desaparecimento de uma vaga negra de poluição e da melhoria gritante da qualidade da água na barragem do Fratel.

Não vamos conhecer, para já, as análises que foram feitas às descargas da Celtejo, nem percebemos ainda por que foi tão complicada a recolha de amostras num momento em que o rio corria vergonhosamente poluído, deixando praticamente tudo morto numas largas dezenas de quilómetros.

Já percebemos que a vigilância mudou o cenário e que quase por magia desapareceu a espuma, a água voltou a ficar transparente e as descargas são agora todas dentro do que está definido.

Se é que para mais nada vai servir esta polémica, pelo menos o rio segue agora melhor, mas é preciso fazer muito mais. Parece evidente que as empresas nesta era 4.0 não podem estar com os parâmetros da primeira revolução industrial.

Temos que ser todos mais exigentes até porque o planeta está fartinho de nos dar alertas de que assim não vamos poder viver aqui, mais dia, menos dia. É urgente rever as licenças destas poluidoras, mudar o paradigma na gestão dos rios internacionais e criar uma forte opinião pública que se indigne de imediato ao primeiro sinal de perigo.

Desta valeram os homens do Tejo, alguns carregados agora de processos na justiça, a mesma que investiga os poluidores.

Vamos ver se no fim não resolvem apenas "matar" o fraco mensageiro, deixando livre quem tem conseguido fazer tudo isto no principal rio nacional.

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