Não gosto destes dias de “pós”, prefiro a verdade

O jornalismo está a reinventar-se perante os mil e um desafios de um mundo que tem novas formas de comunicar, mas mantém a necessidade de perceber, com verdade, o que está a acontecer. A loucura da ilusão de que se captam audiências no sensacionalismo, uma vertente do populismo reinante, está a levar grande parte dos meios de comunicação a um comportamento de “manada” seguindo um qualquer líder, sem questionar o rumo que ele toma.

São efeitos de termos agora a possibilidade de fazer tudo em direto, mesmo que se coloque a contar a história alguém que não a conseguiu sequer perceber. Chegou ao local, no minuto a seguir está em direto e lá se vai o rigor e se entra nessa coisa de “pós-verdades” e de outras grandes teorias que explicam o inexplicável.

É curioso ver agora o que as grandes publicações internacionais estão a fazer, credibilizando mais as capas, os textos, as análises falando claramente de políticos e de candidatos a dirigentes, mostrando quem são na realidade.

A capa desta semana da revista L´Obs, com o que não se sabia de Marine Le Pen, é um belo exemplo desse caminho de informação clara a quem vai votar, para se saber quem são realmente estes “salvadores”. São os efeitos do choque brutal da era Trump, comandada por um qualquer Twitter, onde os jornalistas são mesmo algo a abater e a silenciar.

Esta é a nossa hora, o tempo de estarmos ao serviço da verdade, sem “pós” , onde nos é exigida uma agenda de rigor, com pouco mimetismo e com lideranças nas redações que consigam pensar, com independência, reganhando uma forte capacidade de influência.

Nesta era, o que está impresso nos jornais tradicionais, o que vemos nas televisões e ouvimos na rádio, tem que ser inequivocamente verdade. Se não for assim, ganhará quem quer comandar tudo com explicações à dimensão de um simples Twitt. Não teremos lugar nesse mundo, o que seria perfeito para quem não quer ver ninguém a pensar.

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