O acordar tardio de Obama

A mudança na Casa Branca fica marcada por varias polémicas, com a administração Obama a deixar marcadas posições, que Donald Trump já anunciou querer reverter.

As declarações claras do Secretário de Estado J. Kerry sobre Israel são apenas o último dos casos que nos deixam a pensar no que teria sido diferente se Obama assumisse esta frontalidade e clareza logo no começo do mandato.

O que se passa com Israel e a política de colonatos, que vai alargando e afirmando uma política de ocupação dos territórios da Palestina é gritante, mas a comunidade internacional, com os EUA à cabeça, foram tolerando sempre este caminho.

Afirmar agora que só com dois estados, Palestina e Israel, poderemos ter paz na região é confirmar o evidente, que a força das armas tem vindo a adiar. Mas são também os EUA que equipam o exército israelita e que ainda este ano forneceram mais aviões e equipamento de ponta, para esta guerra.

Obama chega tarde, e deixa a ONU numa situação muito complicada, com a ameaça de um bloqueio financeiro e político por parte dos EUA e de Israel. Serão dias difíceis na chegada de António Guterres que vai ter aqui o primeiro grande desafio à sua capacidade de lançar pontes e construir soluções de paz, onde todos parecem estar empenhados em criar mais guerras.

Numa zona onde a Rússia joga já uma posição de destaque, com o que se está a passar na Síria, a administração Trump tentará ganhar o seu espaço, não se percebendo ainda com que aliados e com que objetivos.

A ONU terá nestes dias o desafios de reassumir a centralidade no diálogo entre os povos, percebendo culturas e interesses, lançando as bases de um novo mapa geopolítico que terá um colorido muito difícil de adivinhar. Agora é preciso baixar o tom dos tambores da guerra para se fazer ouvir a razão, no tempo certo.

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