O futebol sem bola e uma perigosa radicalização

Os dias na conversa à volta do futebol chegaram a um discurso de tal forma radical e violento que acabaram por ser os árbitros a ter que chamar à razão todo um mundo que vive à volta desta nova indústria.

O aparecimento dos canais dos clubes, a proliferação de programas e de comentadores que utilizam o espaço mediático para tudo menos para falar do mais belo deste desporto, criaram um perigoso clima de crispação que está a contagiar as já complicadas “turbas” que dentro e fora dos estádios defendem cada uma das cores.

A violência já ultrapassa um discurso que se tornou descuidado, infundado, cheio de suspeitas e onde se acusam dirigentes, árbitros e jogadores de praticamente tudo, sem qualquer pudor, nem preocupação com a honra das pessoas, nem com a verdade. Não é um espetáculo digno este que se constrói à volta de uma das mais belas formas de convívio, o desporto.

O futebol movimenta milhões, mas este caminho só poderá levar a um naufrágio trágico no dia em que voltarmos a ter incidentes sérios entre adeptos. Já esteve muito mais longe de acontecer e aí veremos depois todos a chorar sobre uma mais que previsível realidade.

Os alertas são muitos, com apelos a moderação, que só poderá acontecer se voltarmos a ter programas de televisão e de rádio que se centrem no jogo, afastando quem segue esta “cartilha” perigosa de radicalização.

Num olhar para as audiências das últimas semanas percebemos que esta radicalização não está a cativar espectadores, muito pelo contrário. Sou daqueles que acha que temos demasiados programas de futebol, sem bola. O desporto é muito mais do que este triste folhetim que certamente não vai parar por aqui. Há mesmo quem goste que o mundo onde quer viver seja assim, com tudo isto, que a muitos faz hoje uma tremenda confusão.

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