O vento dos Kamov e as suspeitas

Não tem sido pacífica a opção do Estado com a compra dos helicópteros Kamov para o combate aos incêndios e missões de proteção civil durante o inverno. O negócio fez parte de uma opção política que apontava para o Estado ter meios próprios para estas missões, conseguindo ter um papel regulador na fixação de preços dos meios privados que eventualmente alugasse para reforçar o dispositivo público.

No meio de interesses, muitas pressões e algumas coisas difíceis de explicar, o processo foi invertido com os Kamov a estarem de novo no meio de um caso que levanta inúmeras suspeitas. O caso levou agora à demissão do presidente da Proteção Civil, que não terá acutelado os interesses do Estado, que somos todos nós, num dos milionários contratos de recuperação dos helicópteros.

A demissão, confirmada pela ministra, não causou espanto, nem as denúncias de irregularidades. Ficámos adormecidos no conforto de termos tomado conhecimento de mais um caso onde o nosso dinheiro foi desbaratado em nome dos interesses de alguns e dos bons negócios de muito poucos.

Este país tem que ser muito mais exigente e não tolerar de todo absolutamente nada que seja pouco claro que envolva o nosso dinheiro. Assistimos agora à mudança política que aponta de novo para que seja o Estado a ter na sua posse estes meios aéreos fundamentais para o apoio as missões de proteção civil.

Este deveria ser um tema transformado em causa por um país com muito pouco dinheiro para andar ainda alimentar clientelas e negociatas. Só depende de nos termos uma democracia muito mais exigente, com tolerância zero para a má gestão de dinheiros públicos.

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