Será só "gritaria"?

Portugal percebe agora, da forma mais dura, que o clima mudou e que é preciso ter mesmo políticas corajosas que nos permitam continuar a deixar viver aqui. Foram os fogos de verão, numa escandalosamente desordenada floresta, abandonada ao longo de décadas, por tantos governos e ministros, alguns com muito pouca memória. Agora é o acentuar dos efeitos da seca, numa península onde demora um convénio sério sobre os rios internacionais e a construção de estruturas comuns que nos permitam efetivamente aproveitar um recurso precioso e escasso como é a água.

De Bona chegam sinais de decisão, com mais promessas de incentivar a utilização de energias limpas e de mudar o paradigma desta economia perigosa para o planeta. 


Mas há imensas pressões para se seguir no caminho da loucura, que ultrapassam muitos os delírios de Donald Trump. 

No lixo das redes sociais corre até uma foto a pretender provar que um carro elétrico é mais poluidor que um tradicional automóvel a gasolina e há quem partilhe a acredite em semelhante coisa. 

Quando abrimos a torneira, ainda temos água, mas há zonas deste, até aqui verde jardim à beira mar, que estão secas e onde nas torneiras já pouca ou nenhuma água corre. 

Paris vai voltar a ter uma cimeira, depois de Bona, depois da promessa de se encerrarem as poluentes centrais de produção de energia, depois de se prometer limitar a emissão de gases com efeito de estufa, depois de se prometer a reorganização da floresta para a tornar resiliente e verdadeiramente importante em termos económicos e sociais. 

Entre os panteocasos e as tradicionais pequeninas flores em jardins cheios de ervas daninhas para tratar, a política tem que se focar no que é verdadeiramente importante, sem a pressão brutal de se exigirem sempre mais e mais decisões a quente sem a ponderação que estes momentos deveriam exigir. 

Precisamos de menos circo mediático e de mais reflexão silenciosa e ponderada para se travar o rumo de um comboio desgovernado onde vamos todos. 

Precisamos mesmo de continuar a poder viver aqui. Não há mais nenhum planeta à nossa espera...

pub