Confusa crónica da crónica confusa

Preparem os motores do subjectivo, do caos e, talvez, da respectiva luz. Hoje começa o Mundial. Hoje começa. Hoje.

Escrever a crónica.

A coisa crónica deste Mundial é também o lembrete adiado no programa de agenda. O único chuto para a frente é o que dou à nota "a fazer" na agenda do computador. "Escrever a crónica hoje". Ou melhor, minto:

O Carlos Daniel dava uma entrevista na portaria, de bola na mão para a foto e obrigou-me a provar ali a incapacidade de marcar golo no toque de bola. Foi ao poste, como o desejo diário de fazer a nova crónica.

Mundial na sede não tem muita bola.

Os jogos são de feeds. Os resumos são de linhas, as linhas são unidades de alinhamento, os alinhamentos são unidades mil como os feeds.

E depois há a DSNG, o sinal partilhado, o Ebif e o almoço, sopa e - claro! - sem bife, às 17:30.

Os sinais clean e os irmão dirty, as bases para telefonema, o teradek irritantemente inútil num Brasil que bem precisa de portugueses para lhes ensinar o que é ter rede de primeiro mundo. Os especiais e os regulares, que de tão novos são todos regularmente especiais. Os pintas, Os diretos longos sem rede, hoje do Hugo ao telefone, do Pedro ao microfone quando dava, ao telefone quando improvisava solução.

O realinhamento da emissão, o foco na história mais que no horário, a preparação do amanhã no meio do hoje, o hoje que já é amanhã.

A peça da Alemanha, o 16:09 e o 4:03. E de uma vez o FIFA Max, que se revela mini, o título e o oráculo, o pivot à cabeça, ser a vozinha na cabeça. Do pivot. Mails, 50 por tema, planos de trabalho, normas de procedimento, lembretes das de ontem, memos para as de amanhã.

Sim, o telefone ainda tem bateria, o iPhone foi-se. Esse quando esgota desliga. Irritante pretensioso. Luxo dele, eu invejoso.

5 cafés, 15 horas. Do dia? Ficam frames giros e bons:

O avião abanando antes de aterrar em Campinas, a recepção de estadão aos jornalistas, os primeiros a sair da nave.

O Pedro Martins e o Passos Mota a dar nota de tudo, com pouco ou nada.

O sorriso satisfeito do Manuel José, o muito admirado e admirável Rui Costa.

A metros, mas afinal visto na televisão, e tanto que queria ter tido tempo de lhe ir, lá abaixo, dar o abraço...

A favela vista pelo olhar do Tavares e do Esteves, o tom da terra Brasil e sim... Os Pataxós.  Alex Santos e Rui: paraíso é a reportagem feita assim. Sem som, na primeira reunião da manhã, isolei. Vi o céu das reportagens na primeira reunião do dia, já com o segundo café. Invejei, adorei, registei, segui. E ainda... não a vi e ouvi!!

O mundial começa hoje.

2 da manhã, último mail. O último do Manuel Silva está no forno, o antepenúltimo telefonema da Inês.

Talvez...

O Mundial começa hoje.

Vou tentar ver a bola e os melhores a correr e chutar nela. A escolha do Alex Albuquerque, das imagens e palavras, melhores para elas.

Traí-te, outlook. Embrulha!

Deixei nota para amanhã : "fazer a crónica". Já foste.

Soará confusa, cheia de palavras estranhas para a maioria que lê, sem o glossário da TV.

Paciência. Eu também não percebi metade de "como se esgotou o dia", em que Portugal se desprendeu de jornalistas grandes sem pestanejar, em que os absurdos da bazófia zuniram o Romano. Escolham alguém mais pequenino, pá, têem tanto por onde escolher aí ao colo da vossa cadeira...

Escrevi na segunda volta da bateria, cadeira reclinada na varanda.

3h30.

Está suave e serena a noite. Publico logo, manhã lançada. Agora durmo. Antes que se esgote a noite que antecede o dia de Hoje. O tal em que começa o Mundial.

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