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Portugal comemora 50 anos da Revolução dos Cravos. Acompanhe ao minuto

#JeSuisPig m@s... c’um caneco!!!

Um jornalista pode ser adepto? Pode, claro. Mas, no momento em que escrevo, há uns 17 milhões em 17 milhões de portugueses e descendentes a ocupar o cargo, na plenitude do seu dever de festejar.

Seria demasiado redundante, assumo no trabalho de cronista o ónus da diferença. Porque sim. Em casa, finalmente.

Recosto-me no sofá e puxo atrás a emissão na box. Saboreio, na minha tranquilidade, a serena diferença do Fernando Santos. Não cita um Nobel erudito. Cita Éder, palavra dita antes de entrar em campo: "Disse-me uma frase extraordinária: mister... eu vou marcar!".

E remata para golo, o engenheiro desta festa toda, com a voz embargada: "O Patinho Feio tornou-se um mito".

Fez-se silêncio por cinco segundos, na sala de imprensa. No silêncio dele, o meu cérebro grita-me ironias em caóticas ondas de sinapses.

Portugal foi à Grécia, essa mais falida referência europeia, o Guê do PIG, buscar o treinador vencedor. Que é português. Esse Pê do PIG... outro lixo da Europa, que uma casa de apostas da Irlanda - o I do PIG (Porco, em inglês), pediu que fosse humilhado e derrotado em Saint Dennis.

PIG é coisa que ninguém quer ser. O desprezo partilhado por bombistas e bombardeados. O PIG, essa coisa sem cheta, esse lixo lixado, líder do ranking do mau rating, conquistou na Cidade Luz a Europa. Com uma bola de coiro plástico. Andou por lá a empatar, adiando o castigo que, quanto mais empatava, mais aquela Europa queria ver aplicado. Salvou o pescoço à última, repescado como uma quota de sardinha ganha por misericórdia. Armado em cigano, adiou o castigo por deficit excessivo de golos com um emigrado na Turquia, sem sequer gastar o melhor do seu exportado melhor do mundo. Com este manco, sacou do banco - um banco mau, claro - um nascido em Bissau, emigrante envergonhadamente desdenhado (tão em voga na Europa, tal predicado) até por ele desprezado... e fez dele Rei do... Euro.

Juntou a França do Hollande à Alemanha do Schweinsteiger, que esta por sua vez juntara à Inglaterra, no mesmo Brexit que a Itália, a Espanha. Até a Islândia, arrivista do proteccionismo bancário, até Gales... antes dos Galos. Nunca a política, jamais a economia, conseguirão uma unidade europeia tão rápida e taxativa como a que, com aquela bola, aquele canto da Europa que já os romanos diziam "não se governar nem se deixar governar" pariu em Paris.

O breu conquistou a Cidade Luz.

Éder... és o único da selecção que passará o ano emigrado, em Lille de França.

Junto daquela Tugaria toda que hoje chega armada aos coucous ao emprego pago em Euro francês... que puseste a França a viver um allez antigo, que se fez tarde...

Nem Éder és, és Éderzito!

Meu Patinho Feio... que nem quando jogaste no Swansea chegaste a cisne, criado no Lar Girassol... alimentado na Adémia, com uma bifana por golo...

Não há pai para ti. Nem país.

"Só" uma Europa, pá. C'um carago, nem o Saramago! Ok. Desisto. Ganhaste.

Vou ali festejar e já volto a ser jornalista.

C'um Caneco!

Au revoir! Que belle soir esta é.

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