Aprender com os erros

Bruno de Carvalho venceu as eleições do Sporting por uma margem folgada e que não ofereceu qualquer dúvida. A juntar a isso, os sportinguistas votaram de forma massiva – nunca tantos tinham exercido o seu direito de voto – na continuidade do projeto que tinha e tem para o clube, o que também é revelador de não quererem um regresso ao passado recente. Os sportinguistas disseram ainda que se reveem no discurso e nas atitudes, por vezes, pouco ortodoxas do presidente reeleito. Quanto a isto nenhuma novidade. No nosso futebol quem está no poder leva sempre uma enorme vantagem sobre os demais.

Tenho para mim que Madeira Rodrigues cometeu dois enormes pecados na sua candidatura. Por um lado, revelou que não contava com Jorge Jesus e por outro apresentou para treinador de futebol Juande Ramos que ainda há pouco tempo foi despedido do Málaga por causa dos maus resultados. Renegar um treinador vencedor: ganhou no Benfica três campeonatos e na época passada fez sonhar todos os adeptos do Sporting com a conquista do título e, ao mesmo, tempo, apostar todas as fichas num técnico competente, é certo, mas longe do fulgor de outros tempos, só podia dar mal resultado. Acabou copiosamente derrotado. Estava na cara!

Encerrado este capítulo, os tempos agora são de olhar para a frente e, acima de tudo, preparar o futuro. Esta época está a dez jogos de distância do seu final e a menos que aconteça algo de muito extraordinário os leões vão ficar-se pelo terceiro lugar que na próxima temporada ainda dá acesso ao play off de acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões. Muito mais importante do que tentar fazer alguma coisa nesta temporada é preparar a próxima. É bom que o Sporting tenha aprendido com os erros recentes e que venda tudo o tiver para vender a tempo e horas e que se reforce na mesma lógica. Ou seja, a tempo e horas. Na próxima época, Jorge Jesus terá obrigatoriamente de ter a sua equipa de gala preparada em meados de agosto para não falhar, seja qual for o adversário, o ataque aos milhões da milionária. É aí que se ganha dinheiro dentro e fora do relvado, o mesmo é dizer com os golos marcados pela equipa e com os jogadores expostos na maior montra do futebol mundial e que depois são valorizados. Ser campeão nacional é ótimo para o ego dos adeptos e para as estatísticas mas para quem gere o clube o dinheiro faz muito mais falta. Mas se for possível juntar o útil ao agradável tanto melhor.

Outras das minhas curiosidades é a de perceber como é que Bruno de Carvalho vai convencer o seu treinador que tem de apostar nos ativos formados na academia em Alcochete. Lembro que esta foi uma das suas promessas eleitorais. Sabe-se que Jorge Jesus quer é jogadores experientes com os quais possa lutar pelos seus objetivos. Apostar na juventude não faz parte do seu ADN. Percebia-se isso no Benfica. Foi evidente na época passada no Sporting e então este ano é impossível esconder esse padrão. Palhinha, Podence e Francisco Geraldes foram mandados regressar para reforçar a equipa e têm poucos minutos de utilização à exceção do antigo jogador emprestado ao Belenenses. André Geraldes e Gauld regressaram por outras razões e jogam na equipa B. JJ é assim e não me parece que vá mudar.

Tal como aconteceu aquando da sua passagem pela Luz, também em Alvalade a segunda época foi horrível. Ao contrário do que aconteceu na Luz em que muitos o queriam ver de saída, no Sporting todos acreditam na sua competência para conquistar o título. Percebe-se o que quis dizer Bruno de Carvalho quando disse pretender ganhar vários títulos nos próximos quatro anos. Resta saber é se a sua estrutura o consegue e se a concorrência – Benfica e FCPorto – o deixa. Cá estaremos para perceber se, na zona de Entrecampos, em Lisboa, alguém aprendeu com os erros que foram cometidos este ano.

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