Quem está mais forte?

Agora que o mercado de transferências fechou, pelo menos até janeiro do ano que vem – na imprensa vai continuar aberto, que ninguém tenha grandes dúvidas disso – é a altura de se perceber quem ficou mais forte e quem está melhor preparado para atacar uma temporada que será longa, dura e complicada e que, para além de ser jogada dentro das quatro linhas, vai ser muito disputada e discutida entre as direções de comunicação dos grandes clubes, nos jornais desportivos e ainda nos programas de segunda-feira à noite.

É verdade que nesses não se marcam golos mas condiciona-se muita gente e muita coisa, o que também ajuda a marcar golos. Mas isso é uma conversa que não é para aqui chamada, pelo menos para já.

O Sporting, apesar de ter perdido João Mário, Téo Gutierrez e Slimani – três dos seus principais titulares na fase decisiva do campeonato e que juntos valeram, na época passada, mais de cinquenta golos – é, para mim, o principal candidato ao título porque dispõe do melhor e mais equilibrado plantel da liga portuguesa.

As opções que Jorge Jesus tem à sua disposição são muitas e principalmente de grande qualidade. Douglas, Elias, Markovic, Campbell, André, Bas Dost e Castaignos – só para falar dos mais mediáticos - dão garantias de poderem ajudar a discutir todas as provas a nível interno – desta vez JJ até diz que é candidato à taça da Liga – bem como de puderem fazer uma gracinha na Liga dos Campeões, se bem que o grupo com Real Madrid e Borussia de Dortmund não seja propriamente acessível.

Mas é aumentando o nível de dificuldades que se percebe de que massa são feitas as equipas. Diria que só há um problema que é o do excesso de qualidade poder provocar alguma “azia” entre os que não jogarem, mas com isso o técnico do Sporting pode bem, desde que no final a equipa continue a ganhar.

Do outro lado da segunda circular, o Benfica apresenta-se como o campeão em título ou tricampeão e isso quer sempre dizer qualquer coisa. No entanto, a equipa perdeu Gaitán e Renato Sanches, talvez as duas unidades mais importantes na conquista da época passada, e só no último suspiro do mercado conseguiu garantir Rafa que, em meu entender, até pode vir a ser uma peça muito importante na equipa de Rui Vitória. Pode mas vai seguramente demorar algum tempo até perceber o que se pretende dele e onde pode render mais. Os encarnados serão o principal adversário dos leões, nesta que será, em minha opinião, uma corrida a dois mas com um outsider chamado FCPorto.

Os dragões, que não ganham qualquer prova há três épocas e que, comparativamente com a concorrência, reforçaram-se à medida das suas poucas disponibilidades. É certo que o apuramento para a fase de grupos da Liga dos Campeões deu uma ajuda mas faltou chegar àquele jogador que pudesse fazer a diferença. Aquele avançado que marcasse golos decisivos ou um médio à volta da qual a equipa pudesse ser organizada.

É verdade que a defesa está agora melhor do que na época passada mas as “contratações” mais sonantes já lá estavam – André Silva e Otávio. Eles têm vindo a mostrar serviço mas serão suficientes para a longa e dura batalha que se aguarda? Não me parece. Mesmo assim, e tal como aconteceu no jogo com a Roma, onde todos estavam à espera de outro desfecho – sejamos francos –, a equipa de Nuno Espirito Santo surpreendeu e fez pela vida e sabe-se como a sorte costuma proteger os audazes.

PS – A Seleção Nacional entrou a perder no apuramento para o mundial da Rússia. Como é óbvio nada está perdido depois do percalço suíço mas regressamos à Terra depois de termos andado em Marte durante umas semanas.

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