Rumo às meias-finais

Há oito dias, neste mesmo espaço, tinha escrito que a seleção portuguesa, com maiores ou menores dificuldades, ia ultrapassar a fase de grupos. Não só foi o que aconteceu, como por causa do nosso terceiro lugar – bendita vitória da Islândia frente à Áustria – acabamos por ficar na parte da grelha em que, até à final, evitamos os chamados “tubarões”.

Uma semana depois até já deixamos os croatas pelo caminho, nos oitavos de final, e apesar das críticas já estamos naquele que sempre entendi ser o patamar mínimo para considerar a nossa participação no Euro 2016 um sucesso. Um sucesso que será tão mais robusto se ultrapassarmos a Polónia e se conseguirmos chegar às meias-finais, um objetivo que não se afigura tão super complicado para os comandados de Fernando Santos assim encarem o jogo com o mesmo espírito com que encararam a partida com a Croácia no sábado passado.

Isto leva-nos a uma outra questão que tem sido debatida insistentemente por quase todos os adeptos da Seleção Nacional e que está relacionada com a qualidade do futebol praticado. 


A última grande crítica, que até já mereceu um comentário mais ou menos contundente do selecionador nacional, era a de que a equipa não jogava bonito e que praticava um futebol aborrecido. Tenho para mim que frente à Croácia, se a Seleção Nacional tem jogado um bocadinho mais aberta ou, se quiserem, mais bonitinho, tinhamos sido despachados em três tempos, pela simples razão de que os croatas, como equipa, são muito melhores que nós. 

Esses sim jogam bonito e com qualidade mas a verdade é que já estão em casa. Fernando Santos e a sua equipa técnica fizeram um ótimo trabalho de casa e souberam esperar. Jogaram pela certa e sem precipitações. Alguma vez tínhamos visto Ronaldo tão manietado como no sábado? Eu não. Alguma vez o tínhamos visto tão comprometido com o trabalho defensivo da equipa? Eu também não. 

A equipa portuguesa soube perceber o que tinha pela frente e soube, acima de tudo, ter paciência. É algo que espero que se repita na quinta-feira frente à Polónia. Sem dúvida uma boa equipa mas que, em minha opinião, não tem a qualidade dos croatas, enquanto conjunto, mesmo que tenha alguns jogadores fantásticos como são o caso dos dois avançados Milik e Lewandowski.

Com Portugal ainda por terras de França e com possibilidades de seguir em frente, repito que esta participação é já um sucesso. Chegar aos quartos-de-final era, para mim, o patamar mínimo. Se avançarmos tanto melhor e igualamos o que foi feito há quatro anos na Polónia e Ucrânia na era Paulo Bento quando a Espanha não nos deixou chegar à final da competição nas grandes penalidades. 

Uma equipa que só não é melhor porque lhe falta um ponta de lança de qualidade. Um jogador que saiba encontrar os espaços que faltaram nos jogos da primeira fase com Islândia, Áustria e Hungria e que permita a entrada dos nossos médios de ataque ou dos outros avançados como Ronaldo, Nani ou Quaresma. 

Um jogador que, por exemplo, fizesse aquilo que o belga Lukaku fez no jogo dos oitavos de final com a Hungria em que deu uma trabalheira danada aos defensores magiares. Digo isto com pena mas Eder não é esse jogador e sem um atleta com essas características as dificuldades vão ser sempre muitas. 

Que André Silva, do FC Porto, não se perca são os meus desejos já que na lateral esquerda – outros dos problemas – o assunto está muito bem resolvido. Raphael Guerreiro veio para ficar assim como Renato Sanches que se prepara para ser o maestro da seleção nacional nos próximos dez anos. A renovação está em andamento!

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