Cresce. Mas pouco...

Para uns o copo está meio cheio, para outros meio vazio. É sempre assim quando saem números sobre o desempenho da economia.

Vamos ao copo meio cheio. A economia portuguesa cresceu 1,4 por cento em 2016. Ficou acima das previsões das instituições internacionais e mesmo acima da última previsão do governo, que apontava para 1,2 por cento.

Em especial o último trimestre tem sinais animadores. O crescimento de 1,9 por cento fica acima da média da Zona Euro e é o melhor desempenho trimestral desde 2013. Acentua também a tendência de aceleração iniciada no terceiro trimestre.

Mas também é possível - e legítimo - ver o copo meio vazio. O crescimento de 1,4 por cento significa um abrandamento de duas décimas face ao desempenho em 2015 e terá sido mesmo o mais baixo entre os países que foram resgatados.

Aliás, depois do ajustamento a economia portuguesa não “descolou”. E, se é verdade que 2016 foi o terceiro ano consecutivo de crescimento após um doloroso resgate em que o país e os portugueses empobreceram, também não é menos verdade que foi o terceiro ano consecutivo em que Portugal registou um desempenho fraco, com um crescimento que nem sequer se aproxima dos 2 por cento. Veja-se o desempenho da Irlanda ou de Espanha para não haver dúvidas de que é pouco…

Com o consumo das famílias a recuperar e as exportações a manterem um desempenho assinalável, a chave para um maior crescimento estará no investimento, sobretudo privado, já que o elevado endividamento não deixa grande margem de manobra ao Estado.

Para estimular o investimento há, entre muitas outras, quatro questões que me parecem fundamentais: estabilidade do sistema financeiro, celeridade na justiça, estabilidade fiscal e menos burocracia. Estas são áreas onde poderia e deveria existir algum entendimento entre os partidos. 


Não há fórmulas mágicas para estimular o crescimento. Mas criar melhores condições para quem quer investir tem de ser uma prioridade, independentemente das ideologias.

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