Presidente da Federação de Judo refuta críticas dos judocas

por Lusa
Jorge Fernandes não aceita as críticas feitas pelos judocas D.R.-FPJ

O presidente da Federação Portuguesa de Judo (FPJ), Jorge Fernandes, rejeitou as críticas que lhe são feitas por sete judocas olímpicos, assinalando que existe um modelo para a competição e que o mesmo é para seguir.

“Isto é um modelo, não são eles que mandam. Fui eleito, temos um plano, temos as normas, temos um regulamento e têm que cumprir. Não é porque os atletas, meia dúzia se juntaram, e dizem agora 'não queremos ir treinar'”, disse Jorge Fernandes à agência Lusa.

O dirigente garantiu que nunca teve queixas dos selecionadores nacionais, nomeadamente de Ana Hormigo ou Pedro Soares, em relação ao local de treino, em Coimbra, e refutou a posição dos sete judocas que na quinta-feira lhe dirigiram várias acusações.

Estou aqui há cinco anos e oito meses, os mesmos atletas já o disseram publicamente, que eu era o melhor e agora já tenho estes defeitos todos? Eu é que tenho culpa que eles que não ganhem? Não estou lá a treinar por eles. Eles é que têm de treinar se calhar mais. Não lhes falta nada, eu cumpro o meu papel, dar-lhes as condições todas”, disse.

O presidente da FPJ reagiu assim à carta subscrita por Telma Monteiro, Catarina Costa, Patrícia Sampaio, Rochele Nunes, Bárbara Timo, Anri Egutidze e Rodrigo Lopes, em que os judocas dizem existir opressão e um ambiente insustentável e tóxico na Federação.

Um dos pontos reiteradamente apontado pelos judocas na carta é a necessidade de efetuarem 70/80% dos 52 estágios em Coimbra, o que, segundo os mesmos, lhes causa "desgaste emocional" e impede de "participar em estágios internacionais e treinar com os melhores".

A França tem um modelo ainda mais rigoroso, os atletas da primeira linha – que (aqui) são os que assinaram a carta -, têm de treinar duas vezes por dia em Paris, quem não for de Paris tem de lá ir treinar. Como até há pouco tempo, os atletas de Coimbra e de outros sítios tinham de ir treinar todas as semanas a Lisboa. Qual é a diferença? É por ser em Lisboa ou em Coimbra? Quem puder ter à porta, é a porta. Não podemos é ter um centro em todos os sítios”, explicou o dirigente.

O presidente da Federação continuou e não poupou nas palavras ao dizer que os judocas não se podem desculpar com ele, se acham que os resultados não são suficientes.

Estamos a brincar ou quê? Os resultados estão aquém de quem? Se calhar de quem não está a treinar como devia, peço desculpa estar a ser duro, é preciso treinar, isto é uma modalidade que exige muito esforço e sacrifício, todos os atletas o fazem. Agora se alguns estão a atravessar um momento menos bom, não se vêm desculpar comigo ou porque os treinos são em Coimbra”, defendeu.

Em relação às críticas e ao pedido que as bolsas sejam entregues a uma gestão do Comité Olímpico de Portugal, Jorge Fernandes disse que até gostava que isso acontecesse, mas que os judocas recebem as suas bolsas diretamente, o resto é para gestão da preparação.

O dirigente especificou as categorias do projeto olímpico, referindo que os judocas de topo recebem 1.375 euros e o treinador 1.000, os seguintes 1.000 e o técnico 800, e os de apoio 600, e que além destas verbas diretas aos atletas, as federações recebem também, dependendo dos casos, 25.000 e 20.000 anuais por judoca, para a preparação.

Em relação às críticas de um comportamento incorreto para com os judocas de origem brasileira, em que os terá diferenciado, ou da existência de um ambiente tóxico, entre outras críticas, Jorge Fernandes disse não querer comentar e entrar nesse tipo de discussão.
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