World Rugby avalia potencial incumprimento da lei de elegibilidade pela Espanha

por Lusa

A World Rugby (WR) nomeou uma comissão independente para examinar o potencial incumprimento da lei de elegibilidade de jogadores por parte da Espanha, em jogos de apuramento para o Mundial2023, anunciou hoje o organismo.

Em causa estará a utilização de Gavin van der Berg, pilar de naturalidade sul-africana utilizado pelos 'leones' nos dois encontros frente aos Países Baixos, o que poderia levar, no mínimo, a uma dedução de 10 pontos à seleção espanhola, qualificada diretamente para o França2023.

"A World Rugby vai reunir um comité judicial independente para examinar o potencial incumprimento da Regra 8 (elegibilidade para representar equipas internacionais) por parte da Federação Espanhola de Râguebi (FER) no decorrer dos Europe Championship 2021 e 2022, que constituíram também a qualificação europeia para o Mundial 2023", anunciou a federação internacional.

Em comunicado, o organismo confirma que teve "conhecimento de um potencial incumprimento" e afirma que, "concluídas as averiguações iniciais", acredita ser "necessária uma análise formal e independente, tal como estabelecido pelos regulamentos".

"Com o processo agora a decorrer, a World Rugby não fará mais quaisquer comentários até à sua conclusão", finaliza a nota divulgada.

O regulamento de elegibilidade da World Rugby estabelece que um jogador pode tornar-se elegível para representar um país diferente daquele onde nasceu por ascendência familiar ou residindo no novo país durante três anos de forma ininterrupta ou 10 anos alternadamente.

Gavin Van der Berg chegou a Espanha em 2018 e estreou-se pelos 'leones' em dezembro de 2021, mas terá interrompido a sua 'estadia' em Espanha entre maio e setembro de 2019 quando, alegadamente, regressou à África do Sul após o final do campeonato espanhol.

Na sexta-feira, o presidente da Federação Portuguesa de Râguebi (FPR) admitiu à agência Lusa que iria "pedir justificações" à World Rugby, após ter sido noticiado nalguns meios de comunicação o alegado incumprimento por parte dos espanhóis.

Contactado hoje, novamente, Carlos Amado da Silva escusou-se a comentar o anúncio da World Rugby por ter-se "comprometido a não prestar declarações sobre o assunto enquanto o processo estiver a decorrer", mas frisou que a FPR tem de estar "preparada para todos os cenários".

A FER também já reagiu à decisão, adiantando em comunicado que a WR informou previamente a FER sobre a criação da comissão e destacou que o organismo internacional "valoriza positivamente que a FER tenha colaborado desde o primeiro momento" com a investigação, fornecendo "toda a documentação solicitada".

"Estamos convencidos de que agimos corretamente e, por isso, resta-nos aguardar pela resolução da comissão independente designada pela WR, presidida por Nigel Hampton, assistido por Pamela Woodman e Frank Hadden. Tal como a WR, não faremos mais comentários até à conclusão do processo", comentou a FER.

A confirmar-se a utilização irregular de Gavin van der Berg, a Espanha poderia perder, pelo menos, os 10 pontos conquistados nos dois encontros frente aos Países Baixos, de qualificação para o Campeonato do Mundo de França2023.

Nesse cenário, a Roménia subiria ao segundo lugar e conseguiria a qualificação direta, enquanto Portugal terminaria a qualificação europeia em terceiro e seguiria para o torneio de repescagem mundial, a disputar em novembro.

Seria também a segunda vez consecutiva que a Espanha ficaria de fora do Mundial devido à utilização irregular de jogadores.

Em 2018, a World Rugby sancionou a Espanha, a Roménia e a Bélgica pela utilização de jogadores não elegíveis, decisão que resultou no apuramento direto da Rússia para o Mundial de 2019, após terminar a qualificação em quarto lugar.


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