Amnistia e Observatório dos Direitos Humanos lamentam divulgação de fotos de detenção de suspeitos

por RTP
Rafael Marchante - Reuters

A Amnistia Internacional e o Observatório dos Direitos Humanos lamentaram este sábado a divulgação de fotografias do momento da detenção de arguidos que tinham fugido das instalações do Tribunal de Instrução Criminal do Porto, lembrando que humilham as pessoas e nada acrescentam ao processo em curso.

O diretor executivo da Amnistia Internacional Portugal, Pedro Neto, "lamentou muito" a divulgação das fotografias dos suspeitos no momento da detenção.
 
"Não acrescenta nada ao processo de justiça que está a ser realizado. Esta fotografia não acrescenta nada, pelo contrário, humilha as pessoas e fere-as na sua dignidade humana", afirmou o responsável da secção portuguesa da organização de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional, em declarações à Agência Lusa.
 
A Amnistia em Portugal congratula-se com a "recaptura dos suspeitos e a sua devolução ao processo judicial" e lembra que em Portugal é o tribunal o órgão que faz justiça, no caso de haver condenação. "Tudo o resto é espetáculo e é indigno", lamentou.


Pedro Neto entende ainda como positivo que o Ministério da Administração Interna tenha determinado a abertura de um inquérito à divulgação das fotografias. Também a PSP mandou abrir um inquérito sobre o mesmo assunto.

Por outro lado, a organização realça a forma como a polícia agiu, em que a recaptura dos suspeitos aconteceu "com discrição, sem incidentes, sem feridos", considerando que é sinal de "um bom trabalho das forças de segurança publica".

Também o presidente do Observatório dos Direitos Humanos, Filipe Guerra, refere que a situação é ilegal e inadmissivel. O responsável considera que é ainda mais grave se as fotografias tiverem sido tiradas e divulgadas por um agente da polícia.



Os três homens detidos na sexta-feira a meio da tarde, num parque de campismo em Gondomar, tinham fugido do tribunal na quinta-feira à tarde, depois de um juiz de instrução lhes ter decretado prisão preventiva. Os três são suspeitos de dezenas de furtos a idosos no Grande Porto.  

Após a fuga, as autoridades policiais desencadearam uma operação de captura, alertando então que os foragidos eram considerados perigosos e estavam "potencialmente" armados.
 
Nas fotografias, que estão a ser divulgadas por vários órgãos de comunicação social, é possível ver os homens no momento da detenção, já algemados, sentados no chão.
 
c/ Lusa
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