Amnistia e Observatório dos Direitos Humanos lamentam divulgação de fotos de detenção de suspeitos
A Amnistia Internacional e o Observatório dos Direitos Humanos lamentaram este sábado a divulgação de fotografias do momento da detenção de arguidos que tinham fugido das instalações do Tribunal de Instrução Criminal do Porto, lembrando que humilham as pessoas e nada acrescentam ao processo em curso.
"Não acrescenta nada ao processo de justiça que está a ser realizado. Esta fotografia não acrescenta nada, pelo contrário, humilha as pessoas e fere-as na sua dignidade humana", afirmou o responsável da secção portuguesa da organização de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional, em declarações à Agência Lusa.
A Amnistia em Portugal congratula-se com a "recaptura dos suspeitos e a sua devolução ao processo judicial" e lembra que em Portugal é o tribunal o órgão que faz justiça, no caso de haver condenação. "Tudo o resto é espetáculo e é indigno", lamentou.
Pedro Neto entende ainda como positivo que o Ministério da Administração
Interna tenha determinado a abertura de um inquérito à divulgação das
fotografias. Também a PSP mandou abrir um inquérito sobre o mesmo
assunto.
Por outro lado, a organização realça a forma como a polícia agiu, em que
a recaptura dos suspeitos aconteceu "com discrição, sem incidentes, sem
feridos", considerando que é sinal de "um bom trabalho das forças de
segurança publica".
Também o presidente do Observatório dos Direitos Humanos, Filipe Guerra, refere que a situação é ilegal e inadmissivel. O responsável considera que é ainda mais grave se as fotografias tiverem sido tiradas e divulgadas por um agente da polícia.
Os três homens detidos na sexta-feira a meio da tarde, num parque de campismo em Gondomar, tinham fugido do tribunal na quinta-feira à tarde, depois de um juiz de instrução lhes ter decretado prisão preventiva. Os três são suspeitos de dezenas de furtos a idosos no Grande Porto.
Nas fotografias, que estão a ser divulgadas por vários órgãos de comunicação social, é possível ver os homens no momento da detenção, já algemados, sentados no chão.
c/ Lusa