As preocupações de Marcelo. Partidos reagem ao discurso do Presidente da República

por RTP
António Cotrim - Lusa

Durante a sessão solene dos 45 anos do 25 de Abril, que decorreu esta quinta-feira de manhã no Parlamento, o Presidente da República assumiu-se como porta-voz dos jovens e pediu “mais ambição” para resolver os problemas.

Marcelo Rebelo de Sousa disse que é preciso "mais ambição no Portugal pós-colonial, mais ambição na democracia, mais ambição na demografia, mais ambição na coesão, mais ambição na era digital e mais ambição na antecipação do futuro do emprego e do trabalho", além de "mais ambição na luta por um mundo sustentável”.

O Presidente da República lembrou também que há "desigualdades que ainda existem, que continuam a minar a nossa coesão, entre pessoas, entre grupos e territórios, que atrasam o desenvolvimento, juntam novos pobres aos velhos pobres", referindo-se a alguns dos problemas que o país enfrenta.
Aplausos só de PS, PSD e CDS-PP

Quando terminou, as bancadas do PSD, do PS e do CDS-PP aplaudiram de pé, contrariamente às bancadas do PCP, BE e PEV, que se mantiveram sentados e sem aplaudir.

Rui Rio, presidente do PSD, afirmou ser necessário introduzir “reformas profundas no regime”, de forma a tornar possível “cumprir esses anseios que o senhor Presidente da República refere”.

Já o deputado popular Pedro Mota Soares afirmou que o CDS-PP se revê “muito nesta ambição” de Marcelo Rebelo de Sousa, considerando que estes temas e preocupações “têm constituído o essencial da agenda do CDS”. Defendeu ainda que o CDS tem apresentado propostas para aumentar a natalidade e reforçar a coesão territorial.

Carlos César, líder da bancada parlamentar do PS, referiu que os desafios atuais são diferentes dos vividos em 1974, defendendo e apoiando a visão manifestada pelo Presidente da República.

“Os desafios com que hoje nos encontramos e nos confrontamos já não são os mesmos que a geração que viveu 1974 na sua juventude ou até na sua idade adulta encontraram”.

O socialista acrescentou que "todos estes novos desafios que resultam da nova organização da economia e do trabalho e dos desafios com que se confrontam" os jovens "para a sua segurança futura", são a “resposta que nos incumbe a todos dar”.

Por outro lado, José Luís Ferreira, deputado do Partido Ecologista "Os Verdes", disse acompanhar as preocupações manifestadas pelo Presidente nos planos social e ambiental, realçando a necessidade de continuar a lutar por direitos fundamentais como a saúde e a educação.

Elogiou ainda as preocupações ambientais manifestadas pelo Chefe de Estado, nomeadamente "a ameaça e necessidade de combater" o fenómeno das alterações climáticas.

"No plano social, os Verdes também querem sublinhar a necessidade imperiosa para que o Presidente da República chamou a atenção de valorizar os direitos que a nossa Constituição elege como fundamentais: o direito à educação, à saúde, ao emprego e à habitação", salientou.

Jerónimo de Sousa, líder do PCP, também reagiu ao discurso do Presidente da República, referindo que o Chefe de Estado, “naquilo que é substancial, disse coisas de facto importantes”, mas com “ausências das questões concretas”.

Sublinhou, no entanto, que “os jovens naturalmente têm dificuldades em concretizar muitos sonhos, designadamente o direito de ter filhos”.

A líder bloquista, Catarina Martins, destacou "a referência a dois movimentos particulares de jovens ou os que lutam pela transformação do mundo” que esteve nas ideias transmitidas pelo Presidente da República, realçando que “o Bloco de Esquerda também assinalou [estes temas] no seu discurso".

No que se refere à “urgência climática, Catarina Martins considera que a mobilização dos jovens é “importante e deve obrigar a uma mudança radical de políticas para salvar o planeta”, uma vez que “não há planeta B”.

O Bloco de Esquerda falou ainda da "luta das mulheres contra a justiça machista e a luta de todos os trabalhadores por direitos que têm marcado também este ano", conluindo que "é assim que democracia fica mais densa".
Tópicos
pub