Associação da Guarda diz que tecnicamente ministra foi a melhor, politicamente não

por Lusa

Lisboa, 18 out (Lusa) -- O presidente da Associação Independente da Guarda considerou que Constança Urbano de Sousa que hoje se demitiu do cargo de ministra da Administração Interna, foi das melhores que passou pelo Governo em termos técnicos, mas não politicamente.

A ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, apresentou o pedido de demissão, que foi aceite pelo primeiro-ministro, anunciou hoje o gabinete de António Costa.

"Já era uma demissão esperada. Tecnicamente foi das melhores ministras que passou por aquele ministério, politicamente não. Na relação com as associações também não temos nada a dizer", disse José Alho à agência Lusa.

De acordo com o presidente da Associação Sócio-Profissional Independente da Guarda (ASPIG), a demissão da ministra já era esperada na sequência do problema com os incêndios e depois do discurso do Presidente da República na terça-feira à noite.

No que diz respeito à GNR, José Alho destaca que desde o primeiro momento as associações alertaram para a importância da reestruturação da guarda.

"O próximo ministro terá de ter todas as condições para a reestruturação da GNR. Terá de reativar as brigadas para coordenação no trânsito e da ação da guarda a nível nacional. Reitero que tecnicamente esta ministra foi das melhores, era professora em direito administrativo, mas na prática errou profundamente ao não fazer com que os comandantes gerais pretendiam", disse.

Constança Urbano de Sousa deixou o executivo depois de meses de polémica em torno da responsabilidade política em torno dos incêndios de Pedrógão Grande, distrito de Leiria, e concelhos limítrofes, em junho, e, no domingo, na região centro, nos distritos de Viseu, Coimbra, Leiria, que fizeram mais de 100 mortos.

A carta de demissão da ministra, que ainda na sexta-feira afirmou que não sairia do Governo, surge horas depois de uma comunicação ao país do Presidente da República, a partir de Oliveira do Hospital, na terça-feira à noite.

Marcelo Rebelo de Sousa defendeu na terça-feira que é preciso "abrir um novo ciclo", na sequência dos incêndios de junho e de domingo passado, e que isso "inevitavelmente obrigará o Governo a ponderar o quê, quem, como e quando melhor serve esse ciclo".

Desde os incêndios de domingo, que causaram 41 mortos, por duas vezes o primeiro-ministro, António Costa, manifestou a sua confiança política em Constança Urbana de Sousa.

A ministra da Administração Interna diz na carta de demissão enviada ao primeiro-ministro que pediu para sair de funções logo a seguir à tragédia de Pedrógão Grande, dando tempo a António Costa para encontrar quem a substituísse.

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