AstraZeneca. Maioria dos inquiridos em estudo da DECO aceita a vacina

por Cristina Sambado - RTP
EPA

A polémica em torno das vacinas da AstraZeneca levantou dúvidas sobre a segurança deste imunizador. No entanto, apenas cinco por cento dos inquiridos pela DECO recusaram ser inoculados e dez por cento afirmam que talvez não sejam. Num estudo realizado em quatro países europeus, os portugueses são os mais confiantes.

Em meados de março, foram levantadas suspeitas sobre a segurança da vacina da AstraZeneca. A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) foi alertada sobre 30 episódios tromboembólicos - a formação de coágulos sanguíneos - em cerca de cinco milhões de pessoas vacinadas.

Os casos raros, mas potencialmente graves, levaram à suspensão da administração da vacina em vários países, entre os quais Portugal.

Na altura, a EMA concluiu que os benefícios da vacinação na prevenção da hospitalização ou da morte por Covid-19 eram superiores aos riscos, além de não ter sido provada nenhuma relação entre os episódios e a inoculação da vacina.Os dados recolhidos para o estudo da DECO ocorreram antes de a EMA ter admitido, no dia 7 de abril, uma possível ligação entre a vacina da AstraZeneca e os casos raros da formação de coágulos, mas sublinhando que os benefícios continuam a superar os riscos.
No entanto, a dúvida estava lançada e a desconfiança alastrou-se a todas as vacinas.

A DECO realizou entre 26 e 30 de março um inquérito online em Portugal, Espanha, Itália e Bélgica junto da população entre os 18 e os 74 anos, para apurar a dimensão desse mal-estar.

Dos quatro países, apenas a Bélgica não suspendeu a administração da vacina da AstraZeneca.

Foram obtidas 4005 respostas válidas, das quais 1001 em Portugal.

No estudo, ficou confirmado que a confiança na vacina da AstraZeneca ficou abalada para 63 por cento dos portugueses. Mas não foi a única a sofrer o embate, pois 41 por centos dos inquiridos em Portugal reportaram também um impacto negativo sobre as restantes.

O que não significa, porém, que os portugueses recusem a vacinação. “Apenas cinco por cento estão certos de uma total decisão e dez por cento hesitam, com mais probabilidade para um ‘não’”, lê-se no site da DECO. Portugueses mais informados estão mais confiantes
Além do caso com a vacina da AstraZeneca, o estudo avaliou também a organização do plano de vacinação, a prestação da Agência Europeia de Medicamentos e a defesa da saúde dos cidadãos pelo Governo e pela Direção-Geral da Saúde.
Teresa Correia - Antena 1

Cerca de três e dez inquiridos confessam que o caso AstraZeneca teve um impacto negativo na forma como avaliam cada um desses aspetos.

Assim, para 63 por cento dos inquiridos o caso abalou a confiança na segurança da vacina da AstraZeneca. E para 41 por cento a segurança das outras vacinas contra a Covid-19 também foi abalada.

Para 36 por cento o caso abalou a organização do plano de vacinação e para 26 por cento a segurança das vacinas em geral.

Apenas 35 por cento dos inquiridos alegam ter bons conhecimentos sobre os efeitos secundários das vacinas contra a Covid-19
. Segundo a DECO, “quanto mais elevado o nível educacional dos participantes no estudo, maior é essa proporção”.

Já os conhecimentos sobre o plano nacional de vacinação estão ao alcance de 42 por cento e a eficácia das vacinas é do domínio de quase metade dos inquiridos (48 por cento).

“Os menos informados ou com nível de educação mais baixo foram os que mais concordaram com a decisão do Governo de suspender a vacina da AstraZeneca”.

Em relação às vacinas da Janssen, Pfizer e Moderna, o nível de confiança é semelhante: em todos os casos, apenas seis por cento dos participantes mostram fortes receios face aos efeitos secundários.


Cinco por cento dos inquiridos afirmaram que se fosse chamado para ser vacinado na próxima semana “certamente não aceitaria”; dez por cento “provavelmente não”; 26 por cento “provavelmente sim” e 59 por cento “certamente sim”.

Em Espanha, 52 por cento não teriam dúvidas em receber a vacina, enquanto na Bélgica o valor é de apenas 47 por cento e em Itália de 45 por cento.

O estudo da DECO revela, no entanto, que o caso AstraZeneca abala sobretudo certezas e não tanto as ações. Cinquenta e cinco por cento afirmaram que, se fossem chamados para tomar a vacina na próxima semana, compareceriam sem vacilar. Cerca de 29 por cento teriam de pensar, mas o mais certo seria apresentaram-se também no local da vacinação.
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