BE critica mandato "alinhado" com Governo, PCP sem comentários

por Agência LUSA

O Bloco de Esquerda considerou que o Presidente da República foi "extremamente passivo" e "alinhado" com o Governo nos primeiros 100 dias em Belém, enquanto o PCP não quis comentar o mandato de Cavaco Silva.

"O Presidente da República tem sido extremamente passivo e alinhado com a governação de José Sócrates", afirmou o líder da comissão política do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, em declarações à Agência Lusa para fazer o balanço dos primeiros 100 dias de Cavaco Silva em Belém, que se completam sexta-feira.

Por outro lado, o veto político de Cavaco Silva à Lei da Paridade foi, para Francisco Louçã, o sinal mais evidente de que "o Presidente da República se aproxima de uma agenda cultural muito conservadora e do campo tradicional da direita" e de que irá, nas suas escolhas, "seguir uma linha partidária (PSD)".

Sinal da "partidarização" da intervenção do Presidente é ainda "a constituição do seu gabinete da Casa Civil", disse, considerando que "é o gabinete mais sectário e mais partidário de todo o sempre".

Quanto ao PCP, numa nota de seis linhas enviada à Agência Lusa, Vasco Cardoso, da comissão política, considerou que a "natureza do mandato presidencial não permite uma avaliação pontual dos primeiros cem dias de mandato".

O dirigente remeteu uma avaliação para as "opiniões expressas" pelo secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa, sobre o mandato de Cavaco Silva desde que foi eleito.

Nas últimas semanas, Jerónimo de Sousa expressou por duas vezes a sua opinião sobre iniciativas do Presidente da República:

primeiro para criticar o facto de Cavaco Silva não ter visitado um concelho CDU durante o seu roteiro para a inclusão no Alentejo e depois para concordar com o veto político à Lei da Paridade.

"É mais fácil atravessar o Guadiana sem molhar os pés do que atravessar o Alentejo e não ir a uma câmara da CDU", disse Jerónimo de Sousa, criticando Cavaco Silva pela sua "aparente" preocupação com a pobreza e exclusão depois enquanto primeiro-ministro (entre 1985 e 1995) "ter defendido as políticas que produzem essa pobreza e exclusão".

Quanto ao veto político à Lei da Paridade (que mereceu o voto contra da bancada comunista no Parlamento), depois de o líder parlamentar do PCP, Bernardino Soares, ter afirmado que as razões do Presidente "são válidas", Jerónimo de Sousa considerou que Cavaco Silva "deu razão à razão".

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