Mais de 24 horas depois do desabamento de um troço da estrada municipal 255, que liga Borba a Vila Viçosa, em Évora, as operações de resgate continuam a ser dificultadas pela água acumulada no fundo da pedreira para onde foram arrastados dois veículos e uma retroescavadora. Interrompidos durante a noite, os trabalhos recomeçarão na manhã de quarta-feira. A primeira vítima foi retirada do local durante a tarde e os operacionais têm tentado recuperar o segundo corpo, procurando também descobrir as três pessoas que continuam desaparecidas.
Desta forma, acrescentou o responsável, "com a drenagem dos dois planos de água das pedreiras", a Proteção Civil acredita que terá "condições para operar e, essencialmente, fazer o reconhecimento com maior qualidade de todo o espaço".A equipa de resgate consiste, para já, em 50 operacionais apoiados por 30 viaturas.
"Neste momento ainda temos em curso uma operação para tentarmos detetar o segundo trabalhador da pedreira (...) e estamos também a concluir a instalação das motobombas e geradores", declarou o Comandante Distrital de Operações de Socorro (CODIS) de Évora, José Ribeiro.
Depois de a primeira vítima mortal da derrocada ter sido levada para o Instituto de Medicina Legal, em Lisboa, os operacionais tentam agora recuperar o segundo corpo visível, que já foi identificado.
Segundo uma fonte do Comando Territorial de Évora da Guarda Nacional Republicana (GNR), os dois mortos confirmados, operários da empresa que explora a pedreira, são um homem de 50 anos, que residia em Bencatel, no concelho de Vila Viçosa, e outro de 57 anos, que morava em Vila Viçosa, no distrito de Évora.
José Ribeiro confirmou que poderão estar outras três vítimas dentro de duas viaturas que foram arrastadas para a pedreira com o deslizamento de massas.
De acordo com a fonte da guarda, estão dados como desaparecidos, desde segunda-feira, outros dois homens residentes em Bencatel, concelho de Vila Viçosa, e um idoso de 85 anos de Alandroal, com as autoridades a admitir terem sido vítimas do deslizamento de terras para a pedreira.
Marcelo pede paciência
Marcelo Rebelo de Sousa, que se deslocou à pedreira e saiu sem prestar declarações aos jornalistas, veio mais tarde afirmar que “todos os portugueses ficaram chocados com o que aconteceu”.
O mau tempo tem complicado as operações de resgate. Ao longo da tarde,
períodos de chuva intensa levaram à interrupção voluntária dos
trabalhos.
O Presidente da República garantiu que estará presente ou que se fará representar nos funerais das vítimas, prestando as suas condolências e solidariedade para com os familiares das mesmas.
Pediu também paciência aos que querem encontrar uma resposta rápida sobre o que aconteceu, lembrando que “é necessário que se mantenham as condições de segurança nas operações” e, portanto, não podem ser estabelecidos prazos precisos.
Apuramento de responsabilidades
O ministro da Economia, Pedro Siza Viera, garantiu que será aberto um inquérito ao sucedido no acidente ocorrido em Borba e apresentou condolências às famílias das vítimas.
"Trata-se de uma situação em que têm de ser apuradas as responsabilidades. Será aberto o devido inquérito. Como sabem, é uma estrada municipal relativamente à qual é preciso também apoiar a recuperação, mas é um tema que nos condói a todos", afirmou. "É uma tragédia, lamentamos o ocorrido. Damos as condolências sinceras às famílias enlutadas", disse.
Já o ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, assegurou que as estradas que são da responsabilidade da administração central "têm planos muito rigorosos de monitorização" e são alvo de investimentos.
"No que está sob responsabilidade da administração central, investimos e, por exemplo, no caso desta circunstância, há muitos anos foi determinada a realização de uma variante", afirmou.
Segundo o governante, "esta via foi transferida com uma alternativa segura e disponibilizada às populações de imediato (a variante entre Borba e Vila Viçosa)" e, na altura, "com a concordância do município, a mesma foi transferida para âmbito municipal".
Condições de segurança
O presidente da Câmara de Borba afirmou que "nunca na vida" foi informado da alegada perigosidade da estrada junto às pedreiras, argumentando que empresários do setor queriam cortar a via, mas para ampliar a extração de mármore.
Já Jorge Plácido e Luís Sotto Mayor, proprietários de duas pedreiras próximas do local onde decorreu o desabamento da estrada municipal 255, descartam “completamente todas as responsabilidades”, declarando terem tomado todas as medidas de segurança necessárias.
Também a subdiretora-geral da Direção Geral de Energia e Geologia, entidade que licencia e fiscaliza as licenças das pedreiras, garante que as condições de segurança estavam reunidas para a pedreira operar junto àquela estrada.
c/ Lusa