Borba. Prioridade é o resgate dos desaparecidos

por RTP
António Costa frisou que o Governo não tinha conhecimento de que a zona era de risco, mas que será prestado todo o apoio às famílias das vítimas Hugo Viana Melo - RTP

O primeiro-ministro afirma que a prioridade do Governo é, nesta altura, o resgate dos desaparecidos na derrocada de terras na estrada que liga Borba a Vila Viçosa. Esta quarta-feira a Câmara de Borba acionou o Plano Municipal de Emergência. As operações drenagem continuam e, em simultâneo, decorrem trabalhos para detetar as viaturas submersas.

“A prioridade das prioridades para o Estado é fazer o que lhe compete, que é acionar os mecanismos da Proteção Civil. Desde o primeiro dia que o senhor secretário de Estado da Proteção Civil esteve no local. Todos os mecanismos têm vindo a ser acionados, procurando resgatar as vítimas e encontrar os desaparecidos”, afirmou António Costa.

O primeiro-ministro recordou que não compete ao Executivo “comentar atos de responsabilidade de outras entidades”.

“Hoje o senhor ministro do Ambiente ordenou, e bem, que relativamente àquilo que nos compete, que é fiscalizar e licenciar a atividade das pedreiras. O que é que aconteceu, ou se aconteceu alguma coisa que tenha contribuído para aquele desastre, para aquela tragédia, que vitimou seguramente duas pessoas e produziu os restantes desaparecidos”, acrescentou.

O Ministério do Ambiente deu esta quarta-feira um prazo de 45 dias para que seja realizada uma inspeção ao licenciamento, exploração, fiscalização e suspensão às pedreiras situadas na zona de Borba.

Em comunicado, o Ministério do Ambiente e da Transição Energética ordena "que, no prazo de 45 dias, a Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAMAOT), proceda a uma inspeção ao licenciamento, exploração, fiscalização e suspensão de operação das pedreiras situadas na zona onde ocorreu o acidente do dia 19 de novembro".

“Vamos aguardar as conclusões. O Ministério Público já abriu um inquérito crime, para ver se há algum ato criminal e da responsabilidade de quem sobre essa matéria. E aquilo que queríamos desejar é que os trabalhos em curso sejam bem-sucedidos e as famílias possam encontrar os desaparecidos e recuperar os vitimados”, acrescentou.

António Costa frisou que o Governo não tinha conhecimento de que a zona era de risco, mas que será prestado todo o apoio às famílias das vítimas, depois do colapso da Estrada Municipal 255.

“O Governo não sabia, a Direção-geral de Geologia e Minas fez já declarações públicas dizendo que tinha dados que não indicavam risco relativamente aquela situação. O risco manifestamente verifica-se que existia e por isso foi ordenado um inquérito para apurar se houve alguma falha de procedimento por parte da Direção-geral de Geologia e Minas, que é parte que respeita ao Estado e que, insisto, tem a ver com o licenciamento e fiscalização das pedreiras”, rematou.
Drenagens prosseguem
A drenagem das pedreiras atingidas pelo deslizamento de terras e pelo colapso de uma estrada em Borba começou na manhã desta quarta-feira e, em simultâneo, decorrem trabalhos para detetar as viaturas submersas, revelou a Proteção Civil.

"Estamos a efetuar a drenagem do local da pedreira onde os trabalhadores se encontravam a trabalhar e, em simultâneo, já estamos a executar uma manobra de busca para tentarmos detetar as viaturas na pedreira adjacente", ou seja, "aquele local onde ocorreu o deslizamento mais significativo de massa", disse o comandante distrital de Operações de Socorro (CODIS) de Évora, José Ribeiro.


O responsável, que falava aos jornalistas no quartel dos Bombeiros Voluntários de Borba, durante o ponto de situação sobre as operações de socorro em curso, realçou que a drenagem da água que se encontra nas pedreiras é "um ponto fundamental".

Desta forma, sublinhou o responsável, será possível obter "melhores condições de reconhecimento e de trabalho" para os operacionais no terreno.
Acionado o plano de Emergência Municipal
O presidente da Câmara de Borba, António Anselmo, revelou ter acionado esta quarta-feira o Plano Municipal de Emergência, na sequência do deslizamento de terras para pedreiras e o colapso do troço de uma estrada, com vítimas mortais.

O autarca disse que, de acordo com "as instruções recebidas" por parte do comandante distrital de Operações de Socorro de Évora, José Ribeiro, a câmara "irá acionar, a partir deste momento [cerca das 12h00], o Plano Municipal de Emergência".


"Tudo aquilo que é necessário da nossa parte está a ser perfeitamente cumprido e aceitamos tudo o que sejam sugestões concretas e corretas para resolver a situação o mais depressa possível", frisou António Anselmo, eleito por um movimento independente.

Após o ponto de situação operacional e questionado pelos jornalistas sobre o facto de ter acionado o Plano Municipal de Emergência, António Anselmo realçou a importância deste instrumento para apoio em termos logísticos, no âmbito da operação de resgate.

"Em termos logísticos", é necessário "um local para as pessoas comerem em condições, um local para tomarem banho, para poderem ter um tipo de apoio onde há muita gente", disse.

O autarca afirmou também que pretende garantir todos os meios necessários para que as operações de resgate "sejam feitas da melhor maneira e apoiadas da melhor maneira".
PJ no local a investigar
Uma equipa da Polícia Judiciária (PJ) está em Borba a proceder a investigações para apurar as circunstâncias do deslizamento de terras para pedreiras e o colapso de um troço de estrada, revelou à agência Lusa fonte policial.

De acordo com a mesma fonte, a intervenção da PJ surge na sequência de um inquérito instaurado pelo Ministério Público (MP) ao acidente ocorrido na tarde de segunda-feira na zona de Borba, distrito de Évora, e que provocou, pelo menos, dois mortos, além de haver três pessoas desaparecidas.

c/ Lusa
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