Calor: Aviso vermelho em nove distritos prolongado até sábado

por RTP
Reuters

Os avisos vermelhos por causa do calor vão estender-se até ao início do dia de sábado em nove distritos do país, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

Segundo o IPMA, a temperatura vai subir de forma acentuada em Portugal continental a partir de hoje, mantendo-se muito elevada até ao fim de semana, com os avisos laranja a passarem a vermelhos (o nível mais grave) a partir de quinta-feira e até às 5h59 de sábado.

Os distritos abrangidos pelo aviso vermelho por causa da persistência de valores elevados da temperatura máxima são Bragança, Évora, Guarda, Vila Real, Santarém, Beja, Castelo Branco, Portalegre e Guarda.

O IPMA adverte que as temperaturas máximas vão estar "muito acima dos valores normais para a época" e podem atingir "máximos absolutos em vários locais", com máximas a rondarem os 45ºC e as mínimas a aproximarem-se dos 30ºC.

Com exceção da costa sul do Algarve, onde as temperaturas vão estar entre os 30 e os 35ºC, no interior do Alentejo, Vale do Douro e do Tejo e Beira Baixa a máxima deverá atingir valores da ordem dos 45°C, "podendo ser alcançados máximos absolutos em vários locais".

Os valores da temperatura mínima, de acordo com o IPMA, têm igualmente tendência para uma subida gradual, "atingindo no final da semana valores próximos de 25°C em grande parte do território, aproximando-se dos 30°C em alguns locais do interior Centro e Sul, em especial no Alto Alentejo".

O sul do território continental poderá ser afetado a partir de hoje por poeiras em suspensão provenientes do norte de África.

Face ao intenso calor, a Direção-Geral da Saúde aconselha as pessoas a permanecerem em ambientes frescos, a manterem as casas frescas e a beberem muita água, evitando a ingestão de álcool.

Devido ao agravamento do risco de incêndio, causado pela subida da temperatura e da redução da humidade, o estado de alerta especial relativo aos meios de combate a fogos está em vigor nos distritos do centro e norte do país.

A Marinha e o Exército vão reforçar, com mais 19 patrulhas e 76 militares, o apoio à Proteção Civil entre hoje e domingo, podendo as ações serem prolongadas caso a meteorologia o justifique.

Hoje, devido ao risco máximo de incêndio apontado para o distrito de Faro, deverá ser acionado um meio aéreo de reconhecimento do terreno no Algarve.

O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, vai visitar hoje o Centro de Meios Aéreos de Loulé.

Num aviso à população, a Proteção Civil recorda que que é proibido fazer queimadas e fogueiras ou lançar balões e foguetes, fumar ou fazer lume nas florestas e nas estradas circundantes.

Limites de ozono podem ser ultrapassados 

A região de Lisboa chegou até agora sem excedências dos limites do poluente ozono, avançou hoje a associação Zero, alertando que, nos próximos dias, é provável que sejam ultrapassados com o calor e a população deve ser avisada.

A Associação Sistema Terrestre Sustentável, Zero, analisou os dados sobre aquele poluente do ar última década, na região de Lisboa, e verificou que, "este ano, não houve uma única excedência do ozono, o que são excelentes notícias".

Segundo a Zero, este foi o primeiro ano em que, no período de janeiro até ao final de julho não se verificou qualquer ultrapassagem horária das concentrações mais elevadas de ozono de superfície.


Os piores anos terão sido 2010 (146 horas de ultrapassagens em diferentes locais), 2008 com 96 horas e 2013 com 92 horas, acrescenta a associação.

"Houve outros anos também relativamente bons, ou seja, com muito poucas horas de excedências, em 2014 e 2015", disse à agência Lusa Carla Graça, da Zero.

"Devemos recordar que temos tido um verão de exceção, com baixas temperaturas, humidade, ventos, condições que propiciam a dispersão de poluentes", salientou por outro lado.

A especialista deixou o alerta que, com as condições climatéricas previstas até à próxima semana, com temperaturas elevadas, "é provável que haja excedências e em quantidade dos limiares horários do ozono".

O ozono ao nível do solo é um poluente secundário, formado a partir de outros poluentes, nomeadamente partículas e óxido de azoto, do tráfego rodoviário, por exemplo. Estes, com radiação e elevadas temperaturas, formam o ozono.

Perante esta situação, a Zero defende que as entidades devem estar alerta, devem emitir informação à população, perante a possibilidade, mesmo não tendo ainda ocorrido os limiares de ultrapassagem.

A divulgação junto do público comporta dois limiares, sendo um deles de informação, quando se verifica um valor horário de ozono superior a 180 microgramas por metro cúbico (µg/m3), que implica precauções pelos grupos sensíveis, como idosos, crianças ou pessoas com problemas respiratórios.

O limiar de alerta ao público refere-se às situações com um valor horário de ozono superior a 240 µg/m3, devendo as precauções serem tomadas por toda a população.

A entidade que tem a competência da monitorização da qualidade do ar é a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR), com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA).

A população pode consultar os níveis de ozono medidos pela rede de monitorização da qualidade do ar no sítio da APA, mas é obrigação das CCDR avisarem as outras autoridades e a população, através da comunicação social, da ocorrência de ultrapassagens aos limiares.

"É também desejável o anúncio de previsão de ultrapassagens. Infelizmente, em anos anteriores estes avisos não têm chegado às populações", salienta a Zero.

Os efeitos na saúde à exposição de curto prazo a elevadas concentrações de ozono passam por danos aos pulmões e inflamação das vias respiratórias, aumento da tosse e maior probabilidade de ataques de asma.

Quando se verificam elevadas concentrações, as pessoas devem permanecer em casa ou noutros locais fechados e não fazer atividade física intensa.

C/ Lusa

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