O Banco de Portugal autorizou Joe Berardo a comprar mais acções do BCP com um financiamento de 350 milhões da Caixa Geral de Depósitos. Nos documentos a que a RTP teve acesso, o Conselho de Administração do banco central autoriza expressamente a Fundação Berardo a reforçar a posição que já tinha no maior banco privado português.
Vítor Constâncio, à época Governador do Banco de Portugal, deu aval ao empréstimo. E omitiu a informação, na Comissão parlamentar, em março deste ano.
Na rede social Twitter, Vítor Constâncio já escreveu que não é verdade, que nunca foi questionado sobre isto. E acrescentou depois que "não tem memória disso."
Há documentos, a que a RTP teve acesso, que comprovam a informação, inicialmente avançada pelo Público.
A operação da Fundação Berardo foi autorizada em agosto de 2007. O departamento de supervisão bancária do Banco de Portugal foi informado: Berardo ia investir no BCP com "recurso a fundos disponibilizados pela Caixa".
O supervisor aprovou o pedido.
Joe Berardo, considerado investidor especulativo, tornou-se um dos principais acionistas individuais do maior banco privado português.
Vítor Constâncio foi governador do Banco de Portugal entre 2000 e 2010. Aos deputados, este ano, deixou claro que não se lembra de ter sido alertado para "créditos ruinosos" na Caixa.
Doze anos depois, este crédito - 350 milhões de euros que Berardo levantou do banco público - continua por liquidar.